Confiança dos empresários cai para o nível mais baixo desde 2021
É preciso recuar até ao IV trimestre de 2021 para se deparar com um nível de confiança tão baixa entre empresários e gestores. O acesso ao crédito bancário, o excesso de burocracia, a insuficiência da procura, as taxa de juros, bem como ruptura de stocks são os principais constrangimentos apresentados.
O Indicador do Clima Económico (ICE), que mede o optimismo ou pessimismo dos empresários e gestores face à evolução da economia no curto prazo, caiu pelo segundo trimestre consecutivo, atingindo o nível de confiança mais baixo desde o IV trimestre de 2021, segundo o Inquérito de Conjuntura às Empresas do Instituto Nacional de Estatística (INE) referente ao III trimestre de 2025.
O ICE resulta da diferença entre a percentagem de respostas positivas e negativas às perguntas do INE sobre as perspectivas de curto prazo dos empresários e entre Junho e Setembro, o saldo dessas respostas extremas foi de 4, o que significa que a percentagem de empresários confiantes superou em 4 p.p. a dos pessimistas. Já em relação ao período homólogo, a confiança caiu 5 pontos, e face ao II trimestre deste ano a queda foi de 1 ponto, mantendo a tendência de deterioração registada ao longo de 2025.
No inquérito, os responsáveis das empresas são convidados a emitir opiniões sobre variáveis como acesso ao crédito bancário, excesso de burocracia e regulamentação estatal, insuficiência da procura, taxa de juro, ruptura de stocks e outras limitações que condicionam a actividade empresarial.
O clima económico angolano foi, assim, desfavorável no III trimestre de 2025, sobretudo devido às fracas expectativas no sector das comunicações (tradicionalmente optimista), cujos empresários se mostraram 7 pontos menos confiantes face ao trimestre anterior. As empresas do turismo também estão menos confiantes, devido ao quadro regulamentar, à insuficiência da procura e às dificuldades financeiras, variáveis que continuam a constranger o desempenho dos operadores.
Neste sector, os níveis de optimismo caíram 5 p.p., para um saldo de 7, face aos três meses anteriores. Também o comércio recuou, ao cair 4 pontos, para um saldo de 11 respostas positivas, influenciado pela ruptura de stocks, insuficiência da procura e dificuldades financeiras reportadas pelos gestores.
Já a indústria transformadora perdeu 1 ponto de confiança em relação ao II trimestre.Por outro lado, registou-se algum aumento de optimismo nos sectores da construção, transportes e indústria extractiva, embora insuficiente para inverter a tendência de queda ao longo do ano.
Para José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), esta perda de confiança tende a ser cíclica e a permanecer em níveis baixos devido ao forte peso do petróleo, que continua a ditar as condições económicas do País. "Enquanto estivermos a pagar a política da "petrodolarmania" e a agricultura permanecer acantonada, os níveis de confiança seguirão a tendência do petróleo.
Além dos factores que pesam no ambiente de negócios, há uma falsa expectativa gerada pelos Avisos do BNA, num tecido empresarial composto por grandes e médias empresas com crédito malparado devido às dificuldades financeiras", afirmou.
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