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Angola

Políticas falhadas atiram metade das crianças para atrasos no crescimento por falta de nutrição

ESPECIALISTAS LAMENTAM RETROCESSO NO ÍNDICE GLOBAL DA FOME

Nos últimos dez anos, os ganhos no combate à fome nas últimas décadas foram "comidos" pela crise financeira que afectou o país, mas também pelas falhas nas políticas públicos, admitem especialistas. A pobreza está a ganhar terreno e o "Atraso no crescimento" infantil está em níveis extremamente alarmantes.

Angola ocupa a 111ª posição em 136 países do Índice Global da Fome (IGF), um ranking que mede a fome a nível global, baseado em quatro indicadores que vão deste o "Atraso no crescimento infantil", a desnutrição aguda, a subnutrição e a mortalidade infantil.

Nos últimos 10 anos, a situação em Angola agravou-se em três das categorias medidas, e quase metade das crianças até aos cinco anos sofre atrasos no crescimento devido a subnutrição crónica, um indicador que, segundo o índice, está hoje pior do que no tempo da guerra civil.

Especialistas alertam que este é o resultado de políticas falhadas ao longo dos anos. Este índice é feito com base nos valores dos quatro indicadores, calculados numa escala de 100 pontos, que reflecte a gravidade da fome, em que 0 é a melhor pontuação possível (sem fome) e 100 é a pior.

A pontuação de cada país é classificada por gravidade, de baixa a extremamente alarmante. É um relatório anual publicado conjuntamente pelas ONGs Concern Worldwide (Irlanda) e Welthungerhilfe (Alemanha), que utiliza dados de diversas fontes, incluindo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar (IFPRI). Depois de no início do século a pontuação global de Angola no índice ter sido classificada como extremamente alarmante, com 63,8 pontos, em 2008 caiu para 35,3 pontos (alarmante), tendo baixado novamente em 2016 para 25,7 pontos, para a categoria de sério.

No entanto, as melhorias alcançadas foram agora invertidas no índice de 2025, já que a pontuação aumentou de 25,7 pontos para 29,7 pontos (+ 4 pontos, o que é negativo), um sinal de que a fome e as suas consequências têm estado a "ganhar terreno" nos últimos 10 anos.

Aliás, de acordo com cálculos do Expansão com base no documento, face a 2016 apenas dois países viram a sua pontuação global (e a fome) aumentar mais do que Angola: Síria (+6,9 pontos) e o Haiti (+5,8 pontos). Entre as quatro categorias avaliadas no IGF, apenas a mortalidade infantil registou melhorias nos últimos 10 anos, tendo Angola subido dois lugares no ranking entre os 136 países, ao passar de 120 para 118, depois de ter perdido dois pontos (o que é positivo).

Face a 2016, a percentagem de crianças que morrem antes de completar cinco anos, reflectindo em parte a combinação fatal de nutrição inadequada e ambientes insalubres, passou de 8,4% para 6,4%. A categoria onde se registou o pior registo foi no "Atraso no crescimento infantil", que nos últimos 10 anos passou de 36,3 pontos para 47,7 pontos, o que representa um agravamento na categoria que mede a percentagem de crianças com menos de cinco anos que apresentam baixa estatura para a sua idade, reflectindo subnutrição crónica.

"Apesar de duas décadas de declínio, o "Atraso no crescimento" infantil permanece em níveis extremamente alarmantes e até aumentou em Angola, na República Democrática do Congo e no Níger", refere o relatório.

Pior do que Angola nesta categoria só mesmo o Burundi (55,3 pontos), o Níger (48,3) e a Eritreia (48,0). Todos na categoria de extremamente alarmante.

Leia o artigo integral na edição 850 do Expansão, sexta-feira, dia 31 de Outubro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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