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Grande Entrevista

Participação no apuramento ao CAN está em risco por falta de verbas

Grande Entrevista a Artur de Almeida, presidente da Federação Angolana de Futebol

Não há dinheiro. Ponto. O presidente da Federação Angolana de Futebol diz que recebeu uma "herança" de 10 milhões USD de "kilapi". Artur de Almeida promete uma revolução no futebol nacional, com clubes e estruturas profissionalizadas, mas até lá a selecção pode parar.

Que avaliação faz do acordo que a Federação Angolana de futebol (FAF) tem com a ZAP para os direitos de transmissão dos jogos do Girabola?
É um acordo anual entre as duas partes. Quando chegámos à FAF o acordo estava avaliado em 120 milhões Kz anuais. Renegociámos para 150 milhões. Ainda assim, é um valor que não reflecte aquilo que é o negócio da transmissão de jogos do campeonato de futebol principal de um país.

Esse acordo envolve todos os clubes, ou há quem negoceie directamente com a ZAP?
Além desde acordo, existem outros acordos directos entre a ZAP e os clubes que disputam o Girabola ZAP. É um formato que já encontrámos mas que não achamos ser o ideal, sobretudo para os clubes mais pequenos. Pensamos que os clubes menos expressivos acabam saindo lesados com este acordo. Pelo acordo, apenas dez clubes do Girabola recebem verbas directamente da FAF, os outros negoceiam directamente com a ZAP. Queremos segurar o acordo na globalidade para renegociarmos em função do nível de cada clube.

Caso a FAF centralize a negociação dos direitos de transmissão dos jogos, como serão distribuídas as verbas pelos clubes?
O valor a receber por clube seria em função da dimensão de cada um deles. Ou seja, existem clubes da primeira linha, segunda e os de terceira linha. O montante a ser repartido teria como critério o número de adeptos, antiguidade do clube, número de títulos conquistados e outros. Temos que evoluir para este nível de valorização dos clubes. A federação quer evoluir para o que acontece em Inglaterra, onde a federação centraliza os direitos e depois distribui de acordo com o valor de cada clube. Esta nossa perspectiva pode levar dois a três anos. Queremos fazer as coisas de forma abrangente, mas também com uma estrutura sólida que vai obrigar a muita negociação.

Quais são os clubes que recebem verbas directamente da ZAP?
ão sobretudo os grandes clubes que estão fora da negociação, eles querem manter o direito de negociação directa mas a nossa ideia é trazê-los àquilo que é a razão e o essencial para o futebol, porque eles sozinhos não fazem futebol. O Girabola é feito pelos grandes, médios e pequenos clubes. A nossa ideia é trazer todos os actores para uma plataforma onde todos saiam satisfeitos.

E se não haver consenso entre as partes?
Tarde ou cedo o nosso objectivo será alcançado. No caso de não chegarmos a acordo, vamos buscar algumas cláusulas a nível dos regulamentos e contractos que permitam que os clubes pequenos e médios não saiam lesados no meio deste processo.

Num contexto desses, qual será o valor global dos direitos de transmissão dos jogos do Girabola?
Não posso definir isto porque precisava saber qual é o valor que cada clube recebe, sobretudo o que os grandes recebem. Os clubes reservam-se ao direito de não divulgar os números. Tarde ou cedo saberemos estes números, porque precisamos de ter o controlo desta situação. Aliás, a FIFA já começa a ser mais rigorosa relativamente a isto, tem estado a aconselhar as federações a terem maior controlo dos direitos de transmissão dos jogos.

Além da ZAP, há possibilidade de no futuro outras cadeias televisivas emitirem os jogos do Girabola?
Há essa possibilidade. Já fomos contactados por mais duas cadeias televisivas interessadas em entrar no processo. O mercado angolano é difícil, quem não está instalado tem dificuldades em instalar-se. Vai levar algum tempo, mas havendo maior segurança no investimento, acredito que o processo poderá acelerar no sentido de nos próximos dois anos mais operadores entrarem para o negócio. O que perspectivamos é valorizar o espectáculo do futebol a nível do Girabola. Procurar fazer com que a qualidade impere no seio do nosso futebol por via comercial também. Quanto maior for o número de exigência no aspecto comercial em si, maior será a exigência do espectáculo também.

Sabe-se que a Federação vive dias difíceis em termos financeiros. Em quanto está avaliada a dívida da FAF?
A FAF possui hoje uma dívida de mais ou menos 10 milhões USD.


(Leia a entrevista integral na edição 487 do Expansão, de sexta-feira 24 de Agosto de 2018, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)