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Opinião

Não é o crescimento que está mais moderado, é a recessão

Editorial

Não começou bem o ano económico de 2018. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 2,2% em termos homólogos, quando comparado com o mesmo período de 2017. Em cadeia, em relação ao trimestre anterior, a queda foi menor, de apenas 0,9%.

O mau arranque do ano não surpreende. O próprio Ministério das Finanças (MinFin) já o havia admitido: "A taxa de crescimento do PIB real para 2018 tem-se revelado mais moderada do que a esperada, reflectindo uma redução acentuada da produção de petróleo e de gás", lê-se no comunicado publicado no respectivo site na semana passada, aquando do anúncio do pedido de ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

O ministério tem razão quando atribui as culpas ao petróleo. Este sector, responsável por um em cada três Kz da riqueza gerada em Angola no primeiro trimestre de 2018, entrou o ano a recuar 7,3%. Mas o petróleo não esteve sozinho, foi acompanhado das Pescas, que viram o PIB baixar 12,8% em termos homólogos, do Comércio (-8,8%), da Extracção de Diamantes e de outros Minerais (-6,7%) e da Agro-Pecuária e Silvicultura (-1,5%) que, no seu conjunto, pesam 23% na economia. Feitas as contas, mais de metade da economia, 56% para ser preciso, entrou em 2018 a andar para trás.

Ainda assim o MinFin continua a negar a realidade insistindo na tecla crescimento moderado, quando, na realidade, a economia está em recessão, entendida como uma redução do PIB.

De acordo com os números do INE é a recessão que está mais moderada e não o crescimento. Nos primeiros três meses de 2017, o PIB recuou 2,9% tanto em termos homólogos como em cadeia. O arranque de 2018 foi menos mau com as referidas taxas de -2,2% em termos homólogos e de -0,9 pp em cadeia.

O mau arranque de 2018 pode inviabilizar as projecções de crescimento do Governo para 2018 que, na última versão inscrita no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018- -2022 rondam os 2,3%. Para atingir a meta do PDN, no que resta do ano, a economia precisa de crescer em média, 2,5% ao trimestre.

Embora improvável, o cenário de recessão não está afastado. Para evitar a terceira recessão em três anos, nos próximos três trimestres a economia precisa de crescer em média acima de 1%.