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Opinião

Não há fome [de informação económica] que não dê em fartura

Editorial

"Carlos, se o Governo angolano publicasse informação económica certinha e tempestivamente poderia baixar um ou dois pontos percentuais as taxas de juro que paga pelos "eurobonds" - títulos da dívida pública emitidos em USD". A garantia é de um das cerca de três dezenas de gestores de fundos especializados em mercados emergentes e africanos que visitaram Angola antes da última emissão de "eurobonds", com os quais tive oportunidade de falar.

Se a memória não me falha, Angola tem "vivos" cerca de 4,5 mil milhões USD de "eurobonds" o que daria uma poupança anual entre 45 e 90 milhões USD.

Lembrei-me disto a propósito do anúncio pelo Ministério das Finanças segundo o qual, a partir do final do mês de Novembro de 2018, serão disponibilizados os principais dados macroeconómicos de Angola identificados pelo Conselho executivo do Fundo Monetário Internacional como sendo cruciais para o acompanhamento da conjuntura económica e financeira do País.

Os dados, que poderão ser lidos tanto por pessoas como por computadores, de acordo com um calendário previsto de publicação, estarão disponíveis no portal do Ministério das Finanças e na Plataforma Aberta de Dados de Angola, providenciada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) no âmbito do projecto "Auto-estrada da Informação Africana".

Além de trazer mais transparência à informação, a publicação dos principais dados macroeconómicos de Angola para todos os utilizadores ao mesmo tempo facilitará o acesso aos decisores políticos e aos interessados domésticos e internacionais, incluindo investigadores e agências de notação.

Por mais do que uma vez confessei a minha profunda admiração pela capacidade dos nossos governantes governarem o País, passe o pleonasmo, sem ter informação adequada, tempestivamente. Mas também por mais do que uma vez acrescentei que é precisamente por isso, pela tomada de decisões sem informação adequada e tempestiva, que o País está como está.

Na criação das condições para a divulgação na internet dos principais dados macroeconómicos de Angola, o MinFin contou com a assistência técnica do FMI em colaboração com o BAD.

Acho que estamos já a beneficiar da aproximação de Angola ao FMI. Nos próximos três anos, provável duração do programa de financiamento alargado que Luanda está a negociar com a instituição sediada em Washington, vamos ter acesso a informação sobre a economia angolana só comparável à que tivemos entre 2009 e 2012, enquanto durou o Stand By Agreement, programa de apoio à balança de pagamentos.


Editorial da edição n.º 493, de 5 de Outubro de 2018, já disponível em papel ou em versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui.