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Angola

"Abertura do capital em Bolsa requer esforço de transparência e rigor"

Grande Entrevista a Isabel Ucha

A gestora defende que Angola está preparada para as privatizações que se seguem, mas alerta que há empresas que vão ter que realizar um esforço para melhorar os seus sistemas de registo, organização e comunicação de informação financeira.

Esteve recentemente em Angola, onde participou na II Edição do Fórum de Mercado de Capitais. O que leva de Angola, numa altura em que o País se prepara para avançar com privatizações em bolsa?
Vejo, com uma expectativa muito positiva, a determinação do Governo de Angola e das autoridades em geral, em proporcionar as condições para maior participação de investidores privados e investidores internacionais no capital das empresas angolanas. E, embora cada empresa a privatizar deva ter um modelo específico, vejo também como muito interessante o modelo genérico de privatizações que está a ser considerado, de envolver em algumas empresas, em simultâneo, investidores de referência (vendas em bloco) e investidores de mercado de capitais (através de IPOs em mercado).

A Euronext é o primeiro mercado de bolsa pan-europeu e um dos maiores mercados bolsistas mundiais. Que tipo de apoio a Euronext pode prestar à BODIVA?
O processo de desenvolvimento do mercado de capitais é exigente, essa é a nossa própria experiência em Portugal e nos outros países Euronext. Por um lado, é necessário mobilizar empresas, intermediários financeiros, investidores e Governo. Por outro, é fundamental ter uma infra-estrutura tecnológica de negociação, compensação e custódia muito fiável, segura, mas também flexível e moderna. Além de gerir os seus mercados de Bolsa, a Euronext tem hoje diversas parcerias de colaboração, de diferentes naturezas, com muitas outras Bolsas pelo mundo, disponibilizando as suas plataformas de negociação, de gestão e distribuição de dados, de serviço de índices, etc. Bolsas como a do Qatar, Polónia ou Luxemburgo, apenas para enumerar algumas, utilizam sistemas e soluções Euronext na gestão dos seus mercados. Também ao nível da admissão de empresas em mercado, temos registado uma procura de dual listings, isto é, de empresas que se listam nos seus mercados de origem e também na Euronext, como forma de alargarem a sua base potencial de investidores, e ganharem mais visibilidade internacional.

A BODIVA pode vir a integrar o grupo Euronext?
Se não, o que é preciso para que isso venha a acontecer? Angola fez a opção de ter uma Bolsa local, independente e actualmente na esfera pública. Tenho o maior respeito profissional pela administração da BODIVA, e das conversas que temos tido, estamos a acompanhar com uma expectativa muito positiva os objectivos, as opções e as medidas e planos que estão a ser implementados para o desenvolvimento do mercado de capitais em Angola, incluindo o plano de privatizações. Neste momento, o foco das nossas relações tem sido no âmbito de criar as condições para que o programa de privatizações e o mercado de capitais angolano se possam desenvolver da melhor forma possível.