Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Grande Entrevista

Entrar no petróleo é difícil pois sector já é partilhado por outras potências

Grande Entrevista a VLADIMIR TARAROV, EMBAIXADOR DA RÚSSIA EM ANGOLA

Vem aí uma nova era nas relações entre os dois países, com os empresários russos interessados em fixar-se e em investir nos sectores da diversificação económica. Angola poderá ser a porta de entrada para o continente africano, onde a Rússia tem perdido espaço.

A Rússia foi, a determinada altura, um parceiro muito importante de Angola. Vemos actualmente uma China muito forte em Angola e no resto do continente. A Rússia perdeu espaço?
Perdemos esse espaço com a queda da União Soviética e agora começamos a restabelecer a cooperação. Mas cada país é soberano na escolha dos seus parceiros, sabe as vantagens e desvantagens dessa cooperação. Se for mais vantajoso cooperar com a China, nós não estamos contra. Mas posso dizer que achamos que Angola é uma plataforma bastante sólida na África Subsaariana, porque tem uma posição geográfica bastante favorável, está cercada por países grandes e com capacidade de consumo, que podem absorver muitos produtos ainda não desenvolvidos nesses países. Se produzirmos aqui, em Angola, muitos produtos que podem ser exportados, sobretudo através das ligações ferroviárias, isso pode representar um grande salto no desenvolvimento da indústria.

Quanto valem as relações entre a Rússia e Angola? Tem esses números?
Tenho, mas não são importantes, é preciso salientá-lo. O valor total é mais ou menos 300 milhões USD, entre importações e exportações, posso dizer que é uma soma indigna. Enquanto a exportação de Angola para a Rússia é de mais ou menos 100 mil USD, quase nada. O nosso relacionamento entre Estados tem traços específicos. A cooperação económica (e a amizade) começou a formar-se na época da luta de libertação nacional, com a ideologia na base desse relacionamento. Mas é claro que isso iria acabar um dia. E acabou em 1991, depois da queda da União Soviética. Quando deixou de existir aquele grande Estado, a Rússia ficou com a herança, mas, naquela altura, a economia era muito fraca e, por isso, não podíamos contribuir muito para o desenvolvimento nos outros países. Foi preciso reconstruir completamente a nossa economia e, posteriormente, retomar os laços económicos com outros países, incluindo com Angola. Essa cooperação começou a mudar em 1991/1992, depois do fim da guerra, com a formação do Parlamento e da Assembleia Constituinte. Depois disso prosseguimos para retomar o que tínhamos antes, que era sobretudo uma ajuda militar. Por isso, é que a cooperação militar e técnico- militar é agora uma área mais desenvolvida.

Em termos de cooperação militar, o que está em vigor?
Nós ajudamos ao fortalecimento das Forças Armadas, há troca de ligações, há participação de militares de Angola em jogos militares na Rússia, etc. Também temos uma comissão mista intergovernamental de cooperação técnico-militar e depois, a pedido do Governo de Angola, nós fornecemos material bélico, não só armamento, mas também fardas e outros equipamentos.

Esses contratos representam que valor?
É impossível dizer. Não é um segredo. Se o contrato foi concluído há 5 anos, mas, para cumprir, passa algum tempo, o valor pode ser diluído em vários anos. Por isso, é difícil referir um valor certo. (...)


(Leia a entrevista integral na edição 511 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Fevereiro de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)