Desenvolvimento dos campos marginais
O sector upstream da indústria petrolífera angolana foi projectado apenas para desenvolver campos com um elevado nível de recursos, como é o caso dos Blocos 0, 15 e 17, deixando de fora os chamados "campos marginais". Esta constatação pode também ser verificada através da não-existência de pequenas e médias empresas petrolíferas a operar em Angola, uma vez que as mesmas são as mais propícias para o desenvolvimento dos campos marginais.
O Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/18, que atribui incentivos ao desenvolvimento de campos marginais, define os mesmos como sendo: a) Recursos recuperáveis inferiores a 300 milhões de barris; b) Lâmina de água superior a 800 metros; c) Rendimento para o Estado inferior a 10,5 USD/barril; d) Rendimento para as Associadas da Concessionária Nacional, inferior a 21,0 USD/barril.
No entanto, as melhores práticas da indústria definem campos marginais como sendo aqueles campos que não são economicamente atractivos para desenvolver e produzir, podendo tratar-se de uma nova descoberta ou um campo que já produz. A marginalidade de um campo é dependente de 3 factores fundamentais, a saber: 1) Tecnologia; 2) Preço do barril de petróleo; 3) Regulações governamentais.
A Petroangola prevê uma produção mensal de 1,413 milhões de barris no corrente ano, o que representa um declínio na ordem dos 15% comparados aos níveis produzidos anteriormente. Este facto, associado aos baixos preços do barril de petróleo que hoje variam entre 50-65 USD/ barril, tem resultado numa queda drástica das receitas petrolíferas, forçando o Estado angolano a focar-se no aumento da produção de petróleo & gás e na captação de novos investimentos para o sector com a licitação de novos blocos petrolíferos. (...)
*Engenheiro de Petróleos | CEO da Petrangola