Peste negra e Covid-19: razões e incidências
Completam-se, em 2020, exactos 672 anos, quase sete séculos, desde que em 1348 uma epidemia de peste bubónica, também conhecida como Peste Negra, alcançou a Europa, ironicamente também vinda da Ásia. Naquela, como hoje, nenhuma autoridade esteve à altura.
Naquele período do século XIV, a doença espalhou-se, também rapidamente através das rotas comerciais e atingiu importantes cidades. Em pouco menos de dois anos, devastou a Europa, da Sicília e Portugal à Noruega, da Moscóvia à Islândia.
Em algumas cidades, mais de metade da população sucumbiu. Na Europa, a população foi reduzida em menos de um terço. Seguiram-se uma terrível crise económica, sucessivos e assustadores ciclos epidémicos. A situação obrigou a encontrar uma saída.
Foram as consequências devastadoras da Peste Negra, seguidas de guerras, crescimento demográfico e da fome que empurraram a Europa para as aventuras além-mar.
Por ironia da vida e da história, ambas foram espalhadas pelo mundo por razões comerciais. A Covid-19, em outras circunstâncias, traz as mesmas incidências e já afecta todo o planeta. Se não for travada, em dois anos, pode levar a vida de mais de três milhões de pessoas no mundo. Tal como nos séculos XIV e XV, o novo coronavírus vem destapando, inúmeros brechas, evidenciando lacunas, apontando desafios.
A epidemia actual, depois do HIV, embora não seja de forma alguma o surgimento de algo radicalmente novo ou sem precedentes, é a segunda deste tipo no século XXI e pode considerar-se como a primeira descendente em letalidade após a SARS 1 e a SARS 2.
Mas, a Covid-19 destapou fragilidades. Mostrou que mesmo os sistemas de saúde das sociedades mais avançadas não estão preparados para enfrentá-lo. Mais do que isso, refreou orgulhos, mostrou que não há ricos nem pobres, não há potências, nem alvos fáceis diante de determinadas circunstâncias. (...)
(Leia o artigo integral na edição 571 do Expansão, de sexta-feira, dia 24 de Abril de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)