Sonangol anuncia que Gemcorp vai avançar com investimento na refinaria de Cabinda
No âmbito da consulta pública, em curso, sobre o projecto da refinaria de Cabinda, a empresa britânica Gemcorp Capital decidiu avançar com o investimento para a construção da refinaria, cujo arranque deverá acontecer no primeiro trimestre de 2022.
O anúncio da decisão da empresa financiadora foi divulgado hoje pela Sonangol, que revelou ainda que a estrutura terá a capacidade diária de refinação de 60 mil barris de petróleo bruto e criará 2.000 empregos diretos e indiretos.
A "decisão final de investimento representa um dos principais objetivos estratégicos do Governo Angolano. A construção desta Refinaria proporcionará um aumento da capacidade de processamento de petróleo bruto a nível nacional e uma redução considerável da dependência do País na importação de produtos refinados, conforme previsto no Plano de Desenvolvimento Nacional", referiu o presidente do conselho de administração da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins, de acordo com a informação disponibilizada no portal da petrolífera estatal.
O projecto criará cerca de 2.000 empregos directos e indirectos para a comunidade, oportunidades que "abrangem as áreas de construção, engenharia, logística, segurança e administração", refere a nota.
A futura refinaria de Cabinda será edificada na planície de Malembo, cerca de 30 quilómetros a norte da cidade de Cabinda, estando já concluídos, desde Agosto passado, os trabalhos de desminagem e tratamento de terreno para a construção das infraestruturas de apoio.
"O investimento privado da Refinaria de Cabinda demonstra o compromisso da Gemcorp com o desenvolvimento de ativos estratégicos angolanos e a nossa capacidade de entrega nos momentos mais desafiadores", afirmou Atana Bostandjiev, Presidente da Gemcorp, que se confessou animado para entregar este projeto e "apoiar os objetivos estratégicos de longo prazo do governo angolano de independência energética e criação de empregos em Angola".
O administrador assegura que o "plano de longo prazo é que a Refinaria de Cabinda maximize o emprego local e a transição para a operação por uma força de trabalho totalmente angolana", segundo a nota informativa da Sonangol.
A refinaria será o primeiro investimento privado desta natureza em Angola e utilizará a mais recente tecnologia norte-americana para o seu desenho, operação e desenvolvimento em 3 fases, sendo que se prevê o arranque da 1ª fase, no primeiro trimestre de 2022, "altura em que a Refinaria de Cabinda já estará em condições de cobrir a demanda de combustíveis no país", refere a informação da Sonangol.
A petrolífera prevê que durante a primeira fase do projeto, orçada em 220 milhões de dólares, a refinaria possa produzir 30.000 barris diários.
Com a segunda e terceira fase do projeto, cujo desenvolvimento totalizará 700 milhões de dólares, a capacidade de refinação aumentará para 60.000 barris de crude por dia.
"A segunda fase terá o seu término no segundo trimestre de 2023 e a terceira, e última fase, no segundo trimestre de 2024", acrescenta o documento.
"Com o apoio da Sonangol e do Governo de Angola, o grupo Gemcorp conseguiu superar os desafios apresentados pela COVID-19 e comprometeu-se a entregar a Refinaria de Cabinda dentro do prazo e maximizar a entrega de produtos refinados dedicados ao consumo local", referiu Reginald Crawford, sócio da Gemcorp, também citado pela nota.
Em Janeiro passado, a Sonangol e a Gemcorp Capital, empresa britânica, sediada em Londres mas com capitais russos, assinaram um acordo para a construção da refinaria de Cabinda.
Inicialmente, a construção foi adjudicada ao consórcio United Shine, mas a petrolífera estatal angolana anunciou ter rescindido o contrato alegando "incumprimento das ações acordadas" e "não garantia" de financiamento, entre outros aspetos.