Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Mundo

Bancos suíços na teia do maior escândalo de evasão fiscal nos EUA

CEO da Reynolds & Reynolds acusado de evasão fiscal, fraude e lavagem de dinheiro

Dois bancos suíços, entre os quais o Syz - que tem retidos 900 milhões USD do empresário Carlos de São Vicente à espera que as autoridades angolanas investiguem a licitude dos fundos - estão no centro do maior escândalo de fuga aos impostos nos EUA, que envolve um empresário do Texas. Robert Brockman é acusado nos EUA de evasão fiscal e lavagem de dinheiro, entre outros crimes, tendo usado o centro financeiro de Genebra como veículo para ocultar parte de 2 mil milhões USD "escondidos" do fisco, revela o jornal suíço "Les Temps".

Numa notícia com o título "Mil milhões USD sequestrados em Genebra", o jornal francófono de maior circulação na Suíça revela que uma quantia superior a mil milhões USD está em dois bancos cantonais, o Mirabaud e o Syz, "como parte de uma fraude fiscal de magnitude histórica nos EUA", envolvendo uma única entidade individual.

O escândalo rebentou nos EUA a 10 de Outubro, quando foi divulgado pelas autoridades fiscais, que rapidamente pediram o arresto das contas na Suíça, acusando o CEO da Reynolds & Reynolds de conspiração, evasão fiscal, falha ao arquivar relatórios de contas bancárias no estrangeiro, fraude electrónica, lavagem de dinheiro, adulteração de provas e destruição de provas, de acordo com a Forbes.

O banco Mirabaud terá recebido, entre 2010 e 2016, uma quantia que ronda os 950 milhões USD, refere o "Les Temps", adiantando que, em Junho, Brockman tinha naquele banco suíço activos avaliados em 36,1 mil milhões USD e no Banco Syz 27,2 mil milhões USD.

Robert Brockman, um texano de 79 anos e CEO da Reynolds & Reynolds, grupo empresarial fornecedor de software de gestão e logística de vendas para concessionárias automóveis, é acusado de estar no centro de um esquema para ocultar 2 mil milhões USD em receitas fiscais, ao longo de 20 anos. Quantia que, segundo a investigação, terá sido ocultada por meio de empresas offshore nas Bermudas e no Caribe. O empresário texano é ainda acusado de fraudar investidores em títulos da dívida da Reynolds & Reynolds.

Denúncias e acordos

O escândalo rebentou depois de denúncias feitas por um dos seus parceiros de negócios, o multimilionário e filantropo Robert Smith, fundador do grupo de investimentos Vista Equity Partners. Smith admitiu ter escondido 200 milhões USD do fisco americano e aceitou pagar 139 milhões USD num acordo de cooperação para evitar a acusação. Parte da sua fortuna foi encontrada no Bonhôte, banco privado especializado na gestão de fortunas, que, em 2013, fez parte dos 80 bancos suíços que participaram num programa extraordinário de regularização de dívidas fiscais nos EUA. Quer o Mirabaud quer o Banco Siz ficaram de fora do programa, apesar de este último ser detentor de uma sociedade gestora de fortunas dedicada exclusivamente a clientes americanos.

(Leia o artigo integral na edição 600 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Novembro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)