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Faculdade de Economia da UAN com dívida de 112 milhões Kz

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A crise financeira que o País atravessa, aliada à falta de pagamentos de propinas por parte de alguns estudantes do curso pós-laboral, está na base da dívida a empresas prestadoras de serviço, professores e colaboradores da instituição.

A Faculdade de Economia (FEC) da Universidade Agostinho Neto (UAN) deve a docentes do período pós-laboral, colaboradores e empresas prestadoras de serviços um total de 112 milhões Kz, segundo revelou ao Expansão o recém-empossado decano da instituição, Redento Carlos Maia.

Segundo afirmou, a falta de pagamento aos professores, desde Junho último, motivada não apenas pela crise financeira que o País vive, como também pela falta de pagamento das propinas por parte dos estudantes, é um dos principais problemas com que recebeu o 'comando' da instituição.

"Essa informação me foi passada pela direcção cessante. Dos 112 milhões Kz, cerca de 24 milhões Kz estão relacionados com os salários dos docentes e o restante com as empresas que prestam serviços", detalhou.

No intuito de persuadir os estudantes a procederem ao pagamento das propinas em atraso, indicou, foi realizada recentemente uma reunião, onde se deu a conhecer a situação em que a faculdade se encontra. "Depois desta mensagem alguns estudantes começaram a reagir positivamente", notou.

Redento Maia fez saber que depois de um levantamento feito, foi possível quantificar que a dívida dos estudantes para com a instituição atingiu, até ao momento, 26 milhões Kz, valor suficiente para pagar os três meses de salários em atraso dos professores. Por esta razão, admitiu, alguns módulos dos cursos de mestrados poderão ser atrasados, uma vez que a instituição não tem ainda como pagar os docentes que vêm de algumas universidades de Lisboa para darem aulas aos estudantes, quer de mestrando, quer de doutoramento.

"Os acordos existentes, principalmente com as universidades de Lisboa, são um pouco penalizantes porque os custos são todos aplicados à UAN. Quer dizer que nós temos de pagar aos docentes que vêm destas universidades os honorários, alojamento. Embora tenhamos uma casa-trânsito na centralidade do Kilamba, não é suficiente. Além disto, temos de pagar as passagens, o que é muito pesado", frisou.

O novo decano da FEC da UAN considerou os cursos de mestrados e doutoramento interessantes para a instituição. Entretanto, referiu, deve haver um equilíbrio nos contractos com os docentes, adiantando que estão a tentar negociar esta situação com os parceiros.

"Temos de ter em conta a fase actual que o País atravessa. Os recursos estão escassos e não podemos continuar a pagar avultadas somas, até porque não as possuímos", indicou. Carlos Maia admitiu mesmo a possibilidade de suspender alguns contratos. "Dada a situação em que nos encontramos, vamos reavaliar todos os contratos que temos assinados, no sentido de analisar a relevância de alguns e decidir sobre a continuidade ou não", anunciou.

Extensão dos quartéis encerra em Dezembro O decano da FEC deu a conhecer que, até Dezembro próximo, a instituição procederá ao encerramento das salas do curso pós-laboral, situadas no quartel general das Forças Armadas Angolanas (FAA). "Já fomos notificados pelas FAA e vamos ter de fechar as cincos salas de aulas que temos neste momento abertas nos quartéis, até ao final deste semestre. Isto, de facto, é um constrangimento para nós, até porque gastamos muito dinheiro com a remodelação do espaço", lamentou. Pontualizou que as despesas com a remodelação das salas do curso pós-laboral, localizadas nos quartéis, ficaram orçadas em aproximadamente 500 mil USD.

Adiantou que a instituição que dirige está já a pensar numa solução para acomodar os estudantes do período nocturno. Entretanto, o responsável garantiu que esta situação não vai inviabilizar o ingresso de novos estudantes no próximo ano académico. "Nem que sejam apenas 200", sublinhou. FEC projecta curso de curta duração e fim das defesas O decano da Faculdade de Economia da UAN anunciou também a constituição de uma comissão que se encarregará de criar cursos de curta duração -entre 60 e 100 horas, nas áreas de análise de viabilidade financeira e de administração de logística.

Redento Maia adiantou, por outro lado, que a instituição que agora dirige está a estudar ainda mecanismos para abolir as defesas de teses de licenciaturas. "Estamos a discutir com vários órgãos da nossa instituição. Às vezes estes trabalhos de fim de curso têm criado vários problemas. Há estudantes que terminam o curso e levam quatro ou até mesmo oito anos para terminarem as suas teses", explicou.

Segundo afirmou, as dificuldades não têm sido apenas da parte dos estudantes, como também dos próprios orientadores, "o que acaba por abrir portas para a corrupção". Com um total de 2.399 estudantes matriculados, 859 dos quais no período nocturno, a FEC prevê lançar para o mercado de trabalho, no próximo ano, perto de 250 licenciados. Desde 1976, a FEC formou já 2.500 licenciados.