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Opinião

Coragem e boa sorte, Sr. governador

5 DE MAIO -EDITORIAL

O governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe, aproveitou a inauguração do primeiro balcão do Millennium Atlântico, banco resultante da fusão entre o Millennium Angola e o Banco Privado Atlântico, para "disparar" em todas as direcções da banca angolana

É necessário repor "ética e moral" na banca angolana, devendo esta ser colocada ao "serviço do bem comum". Devem ser implementadas em Angola "normas prudenciais" e "boas práticas", porque estamos numa situação em que o sistema financeiro nacional pode ficar "à margem" do sistema financeiro mundial.

"Nós não podemos ter servidores da banca com uma dimensão e grandiosidade quando temos a generalidade de um povo nas condições em que temos, (...) a missão que nos foi apresentada é fazer com que possamos repor a ética e a moral na vida da actividade financeira", reforçou o governador.

Valter Filipe não nomeou ninguém, mas acredito que muitos administradores, accionistas e supervisores devem ter ficado com as orelhas a "arder". Afinal, são eles os principais culpados pela situação a que a banca chegou. Os administradores são os responsáveis pela gestão dos bancos.

As administrações são escolhidos pelos accionistas. As autoridades de supervisão não só são obrigadas a verificar a idoneidade dos accionistas, dos órgãos de gestão e fiscalização dos bancos, como também lhes cabe acompanhar a actividade das instituições bancárias.

Os únicos inocentes são os contribuintes angolanos que, no futuro, podem ser chamados a reparar eventuais estragos, como já aconteceu com o BESA, apesar das promessas de que não estariam envolvidos dinheiros públicos.

A reposição da ética e moral na actividade financeira, como se propôs Valter Filipe, passa por uma limpeza generalizada no sector. Uma boa parte dos bancos angolanos não tem capacidade para sobreviver num quadro mais competitivo, tanto por falta de capital como de know how.

A maioria apenas sobrevive graças ao peso político dos seus accionistas e gestores - basta olhar para a lista dos donos da banca que o Expansão publica há três anos. O conhecimento do negócio bancário de alguns dos nossos "banqueiros, é inversamente proporcional à sua influência política.

Valter Filipe terá, pois, de mexer com uma poderosa elite que inclui membros da família presidencial e do bureau político do MPLA, antigos primeiros-ministros, ex e actuais ministros, governadores provinciais e generais. Por isso, só me resta desejar-lhe coragem e boa sorte, Sr. governador.