Sim, nós podemos! Vejam a TAAG
Em vez da habitual estratégia de inventar cabalas contra o país, a companhia admitiu os erros, arregaçou as mangas e trabalhou para os corrigir. Os resultados começam a estar à vista
A TAAG acaba de receber luz verde para voltar a voar para qualquer
destino da União Europeia (UE), depois de anos confinada
a escalar apenas os aeroportos portugueses.
O facto de ter luz verde não quer dizer que o vá fazer.
Peter Hill, o inglês que está aos comandos da companhia
de bandeira angolana, por indicação da Emirates, tem outras
prioridades, como inverter os prejuízos em três anos.
Mas para se perceber para onde vai a TAAG é preciso saber
de onde vem. Em 28 de Junho de 2007, o Comité de Segurança
da UE recomendou a inclusão da TAAG na lista de companhias
aéreas proibidas de voarem no seu espaço aéreo alegando um
conjunto de não conformidades em matéria de segurança.
Quatro dias depois, a 1 de Julho, chegou a primeira resposta
oficial de Luanda através do ministério dos Transportes, tutela
da TAAG, que deixou em aberto a possibilidade de Angola
responder na mesma moeda e proibir companhias europeias
de voar para o país.
Paralelamente, alguns sectores ligados à TAAG tentavam
passar para a opinião pública a mensagem de que a colocação
da companhia na lista negra deveu-se a pressões político-económicas,
vindas sobretudo da França, e não técnicas. Paris não
tinha visto com bons olhos o facto de a TAAG ter deixado de fazer
a manutenção dos seus aviões em França para fazê-lo na
África do Sul e também não tinha gostado que o Governo angolano
tivesse comprado os aviões norte-americanos da Boeing
em vez de europeus da Airbus.
Estava lançada a estratégia habitual em Angola de inventar
cabalas contra o país em vez de admitir os erros, arregaçar as
mangas e trabalhar para os corrigir.
Felizmente a estratégia habitual não vingou e em vez de retaliar,
foi criado um grupo técnico para estudar o sector da
aviação civil, desde a regulação até aos aeroportos, passando
pelas companhias aéreas, e propor recomendações. Os resultados
começam a estar à vista.
A entrada da lista negra europeia não foi mais do que o corolário
de erros cometidos ao longo dos tempos. Para voar mais
alto, aproveitando as oportunidades, em especial ao nível do
continente africano, a TAAG encetou uma terapia de choque a
todos os níveis: desde o financeiro ao operacional passando
pelo humano.
Embora ainda haja muito por fazer, o exemplo da TAAG sugere
que somos capazes. Basta ter vontade.