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Opinião

Ainda vem aí uma má notícia em 2016

Editorial

Angola pode registar uma recessão em 2016, qualquer que seja o critério de avaliação de uma recessão. É o que sugerem as sucessivas revisões em baixa do crescimento.

"A boa notícia é que não haverá recessão (económica em 2015)". Economicamente falando, foi este o principal sound bite do discurso sobre o estado da Nação lido pelo vice-Presidente da República, Manuel Vicente, em Outubro de 2015, na abertura do ano legislativo, na Assembleia Nacional.

Trago à colação este sound bite a propósito das sucessivas revisões em baixa do crescimento económico que colocam o País a namorar com a recessão qualquer que seja o critério.

Recapitulando a matéria dada, tecnicamente, um País entra em recessão económica quando o respectivo Produto Interno Bruto (PIB) diminui em dois trimestres consecutivos.

O PIB, considerado o indicador económico mais sintético, corresponde ao valor dos bens e serviços finais produzidos num país durante um determinado período de tempo, por exemplo, um trimestre ou um ano.

Como em Angola não há estatísticas trimestrais do PIB, não se pode utilizar este critério. A solução é analisar a recessão numa perspectiva anual, isto é, um País está em recessão quando o valor do respectivo PIB num determinado ano baixa face ao anterior. A questão é qual o PIB a utilizar se a preços constantes se a preços correntes.

A variação do PIB a preços constantes entre dois anos consecutivos designa-se variação real anual, enquanto a variação do PIB a preços correntes designa-se variação nominal anual.

Vejamos o que acontece com as previsões para Angola em 2016 quando utilizamos uma ou outra metodologia.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB angolano em USD deverá registar uma queda de 102 mil milhões USD, em 2015, para 91,9 mil milhôes USD, em 2016. Ou seja pelo critério nominal Angola deverá registar uma recessão de 10,8%.

Já em termos reais a economia deverá estagnar. Ainda de acordo com o FMI, a preços constantes, o PIB angolanao vai crescer 0% em 2016, face a 2015, e já não os 2,5% projectados em Abril. A nova previsão do FMI é igual à da revista britânica The Economist e um pouco mais pessimista do que as da agência de rating Fitch (0,6%), do banco mundial (0,9%) e do Governo (1,1%).

Todas estas projecções são revisões em baixa, face às anteriores das mesmas entidades. O que quer dizer que ainda pode vir aí uma má notícia que seria Angola registar uma recessão em 2016, qualquer que seja o critério de avaliação de uma recessão.