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Opinião

Antes não tivéssemos razão

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Infelizmente, o segundo semestre de 2016 confirmou o cenário de estagflação antecipado pelo Expansão em meados de Junho do ano passado

Estagflação é um "cocktail" económico composto por fraco crescimento ou mesmo recessão, aumento do desemprego e inflação alta. Este é palavrão economês que melhor caracteriza a actual situação da economia angolana.

Foi mais ou menos deste forma que comecei o editorial da edição 375 do Expansão de 17 de Junho de 2016 que teve como principal tema na capa a Estagflação.

Na semana anterior tinham saído as Perspectivas Económicas Globais do Banco Mundial que apontavam para um crescimento da economia angolana de apenas 0,9% em 2016 em vez dos 3,3% perspectivados seis meses antes.

As previsões do Banco Mundial coincidiram com a divulgação pelo Instituto Nacional de Estatística do Índice de Preços no Consumidor de Maio que apontava para um aumento de custo de vida de 29,2% face ao mesmo mês do ano anterior, mais do que quadriplicando face ao mínimo de 6,9% registado em Junho de 2014.

Para completar o cocktail de Estagflação faltavam dados sobre o desemprego, os quais não são publicados regularmente em Angola. Ainda assim, alertamos os agentes económicos para o cenário de Estagflação.

Infelizmente tivemos razão. Os dados definitivos do INE revelam que a inflação fechou o ano nos 42%, máximo de 13 anos. O PIB ainda não está fechado, mas o próprio Governo reviu em baixa as sua projecções de crescimento de 2016 apontando agora para uns escassos 0,1%, em vez dos 1,1% anteriores. Continua a não haver dados do desemprego mas creio que ninguém duvida que o flagelo aumentou.

Não sendo a estagflação uma coisa boa, pelo contrário, é óbvio que preferíamos termo-nos enganado. A boa notícia é que mais décima menos décima, mais ponto percentual menos ponto percentual as previsões para 2017 apontam para uma aceleração do crescimento e uma redução significativa da inflação. Não há previsões sobre desemprego mas é provável que também diminua. Sinais suficientes para arriscarmos dizer que a economia já bateu no fundo. Por maioria de razão, esperamos mais do que nunca voltar a ter razão.

A propósito de razão, esta semana confirmou-se igualmente a ruptura entre o ministro do Comércio e o PCE da APIEX, uma notícia avançada pelo Expansão... há cerca de dois meses. Embora também não gostemos de rupturas elas são muitas vezes inevitáveis para fazer as instituições avançar. Esperemos que seja este o caso. Angola precisa mais do que nunca de promover o investimento e as exportações. E foi para isso que a APIEX foi criada.