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Opinião

Volta FMI (para colocar a Sonangol na linha na prestação de contas)!

Opinião

O título deste editorial é igual ao título da minha coluna semanal "Economia 100 Makas" de há quatro anos, mais precisamente 10 de Maio de 2013, em que pedia ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para voltar a Angola, a fim de obrigar a Sonangol, então liderada por Francisco de Lemos José Maria, a publicar no seu site as "notas ao balanço e à demonstração de resultados" do exercício de 2012.

Não sei se por causa do "100 Makas", a verdade é que, três dias depois, a petrolífera publicou as "notas" em falta e pediu desculpa pelo lapso, que não se voltou a repetir.

Mais. A partir do exercício seguinte, de 2013, a Sonangol passou a publicar, por volta do mês de Abril, as contas consolidadas auditadas do ano anterior, acompanhadas de um relatório, um progresso significativo em termos de transparência que se repetiu com as contas de 2014 e 2015.

Infelizmente, a fartura durou apenas três anos. Apesar de já estarmos em Maio de 2017 não há notícia sobre as contas da Sonangol de 2016 - o Expansão questionou a direcção de comunicação da companhia sobre o assunto mas esta não reagiu até ao fecho desta edição.

Agravando o blackout sobre as contas de 2016, a actual administração acabou com a tradicional conferência de imprensa, por ocasião do aniversário da empresa, em Fevereiro, em que a administração divulgava o essencial dos resultados do ano anterior e respondia a perguntas de jornalistas.

É essa a razão que me leva a pedir ao FMI que volte. Quando, em 2009, na sequência da queda do preço do petróleo, Angola solicitou a Washington um empréstimo de ajuda à balança de pagamentos, uma das condições impostas foi a divulgação pública das contas da Sonangol e do Banco Nacional de Angola (BNA). Entretanto, o programa de ajustamento negociado terminou... e o FMI "bazou".

E, infelizmente, não tenho grandes esperanças que o FMI volte, pelo menos no que depender das autoridades angolanas. Ainda no final de Abril, falando em Washington por ocasião das reuniões do FMI e Banco Mundial, Archer Mangueira reiterou que não pretende financiamentos de Washington. Não que Angola não precise de dinheiro, mas fundamentalmente porque Luanda não se quer sujeitar às condições impostas por Washington, nomeadamente em matéria de prestação de contas. É pena.