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Grande Entrevista

Ausência de visão e interesses pessoais são entraves à diversificação

Grande Entrevista

Em entrevista via e-mail ao Expansão, Fernando Pacheco afirma que os principais entraves à diversificação da economia - corrupção, fragilidade empresarial e institucional - estão à "sombra" da subordinação de interesses patrióticos aos interesses pessoais.

Continua-se a falar muito da diversificação da economia no País. Quais os principais entraves?
Em poucas palavras direi que a corrupção, a fragilidade empresarial e institucional - que inclui a vertente de recursos humanos - a burocracia, a falta de autoridade a certos níveis - são tantos os empresários que se queixam de roubos e de outras ineficácias do poder sem nada conseguirem fazer - têm sido apontados como os principais entraves. Eu acrescento que tudo isto está sob uma "umbrella", que é a ausência de visão de desenvolvimento sustentável, inclusivo associada à subordinação de interesses patrióticos aos interesses pessoais.


Que sector deveria ser uma verdadeira alternativa ao petróleo?
Não creio que haja "um sector". O desenvolvimento de um processo económico que tenha em conta a realidade do país e a sua história sugerem uma aposta séria numa agricultura de pequena e média escala que possa ser o suporte de uma agro-indústria. Isto pode acelerar duas coisas: a criação de emprego e a descentralização da economia de modo a facilitar o desenvolvimento local. Em paralelo, como causa, mas também como consequência, crescerão pelo menos outros dois sectores: a distribuição e a construção. Não me parece que isto seja difícil. Basta visão e vontade política.


Continua a achar que a agricultura e a educação são os parentes pobres do OGE?
Não são os únicos, mas são, a par da saúde, os casos mais preocupantes, agravados pelas prioridades internas nos sectores. Apostas nas infra-estruturas em prejuízo do reforço das capacidades, dos grandes projectos de difícil gestão e manutenção em vez de pequenos projectos mais ao alcance das capacidades existentes. Transversalmente, há outra questão. Nenhum país pode crescer ou desenvolver-se num quadro de menosprezo pela investigação científica como é o nosso caso. Mas para termos melhor ideia da dimensão do problema, há que salientar o facto de nos últimos quatro anos a fatia da agricultura representar menos de 1% do OGE. Se isto não é ser pobre...