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Opinião

Um novo ciclo...

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Sem surpresa, João Lourenço é o novo Presidente da República, de acordo com os resultados provisórios anunciados esta sexta-feira pela Comissão Nacional Eleitoral, quando estavam escrutinados quase 98% dos eleitores recenseados. Se a vitória de MPLA e do seu cabeça de lista, eleito automaticamente Chefe de Estado e Titular do Poder Executivo, não surpreende, nem mesmo, atrevo-me a dizer, Isaías Samakuva e Abel Chivukuvuku, acredito que ninguém, incluindo os camaradas, esperava os números alcançados. A maioria qualificada na Assembleia Nacional, ainda que à tangente, constitui um excelente resultado face ao desgaste do partido que governa o País há 42 anos. O score obtido permite ao MPLA continuar a dirigir o País a seu belo prazer. Permite, mas tenho a esperança que não o faça. Se é verdade que, a confirmarem-se, os resultados provisórios constituem uma prova inequívoca de que os angolanos querem que o MPLA continue a governar o País, a quebra de mais de 10 pontos percentuais face às últimas eleições pode e deve ser interpretada como um sinal de que é necessário introduzir mudanças profundas na governação.

Como, aliás, reconheceu, o próprio MPLA nestas eleições ao adoptar o slogan "Corrigir o que está mal, melhorar o que está bem". Os diagnósticos estão feitos e não faltam propostas de solução para os problemas que afectam o País. Basta que o Presidente eleito oiça as diferentes sensibilidades da sociedade e decida de acordo com o que achar melhor para Angola e os angolanos. A começar pela Assembleia Nacional onde estão representados todos os angolanos. Entre os deputados eleitos destaque especial para os da UNITA e da CASA-CE que, não tendo conseguido conquistar a confiança dos angolanos para governar como pretendiam, viram a sua votação subir significativamente, num sinal inequívoco de que as suas propostas não caíram em saco roto. Não há bons governos sem boa oposição. Esperemos que uma vez esclarecidas as dúvidas (legítimas) da UNITA e da CASA-CE sobre o apuramento dos resultados provisórios o País inicie um novo ciclo. João Lourenço disse querer ficar na história como "o homem do milagre económico". Não acreditamos em milagres, mas temos a certeza que é possível fazer de Angola um País melhor para viver.

Nota do Director: O Expansão adiou em um dia a sua saída para trazer os resultados eleitorais provisórios. Espero que tenha valido a pena.