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Grande Entrevista

"Não há transparência na contratação pública porque raras vezes há concursos"

Grande Entrevista

O economista e vice-governador de Luanda, José Cerqueira, apresentou esta semana o livro "Nova economia angolana" e defendeu, em entrevista ao Expansão, que o Governo deve estimular com "total imparcialidade" a competitividade da economia.

O ambiente económico do País não está nos seus melhores dias. Qual é a fórmula para resolver os problemas da economia nacional no actual contexto, sendo que em 2016 se registou uma recessão económica?
A medida central da política monetária deve ser deixar a moeda flutuar. Se assim for, vai-se assistir a uma depreciação elevada numa fase inicial, mas depois a moeda vai valorizar-se. Uma coisa é deixar flutuar a moeda, outra é desvalorizá-la. Deixar flutuar, é deixar que o mercado encontre o equilíbrio nela. A actual política monetária terá de mudar e, simultaneamente, deve haver mudança na organização do sistema bancário. Hoje, os bancos estão muito desorganizados. Por exemplo, os depósitos em dólares dos clientes foram "comidos" pelos bancos. Quase todos os bancos têm crédito malparado, isto tudo deriva de uma desorganização no sistema bancário.


Onde é que fica a supervisão bancária neste processo?
Claro que a supervisão bancária também tem responsabilidade. Se o sistema financeiro estiver desorganizado, a supervisão bancária vai receber a desorganização nas mãos. A política monetária e a política fiscal devem mudar. No geral, devem ser adoptadas medidas que valorizem o investimento privado na economia, quer de investidores nacionais, quer de estrangeiros.


Diz que a política fiscal e a monetária devem mudar. Quais são os passos concretos que devem ser adoptados?
De uma forma muito resumida, explico no livro que, em minha opinião, não se deve gastar impostos no investimento público, os impostos devem ser todos canalizados para bens de utilidade "espiritual", como por exemplo na saúde e na educação e não em cimento e outras coisas materiais, de maneira a garantir a qualidade no fornecimento dos serviços públicos. Já o investimento público deve transitar sempre do mercado financeiro. Para tal, teremos de melhorar o mercado financeiro, sofisticá-lo de maneira a encurtar esta variante, pois o investimento público não deve "queimar" impostos.

(Leia o artigo na integra na edição 441 o Expansão, de sexta-feira 29 de Setembro de 2017, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)