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Grande Entrevista

"É preciso separar a Sonangol. Com a actual estrutura é ingovernável"

Grande Entrevista

O economista que já pertenceu aos quadros da Sonangol, há mais de trinta anos, considera que a petrolífera actua hoje fora do seu "core business" e que se "esqueceu" que a sua principal preocupação deve ser a produção de petróleo, o maior bem do País.

Os angolanos vivem hoje dias difíceis. Como economista, quais são os constrangimentos na sociedade que mais lhe chamam a atenção?
O maior problema que vejo na sociedade angolana é que ela está toda viciada. Para conseguir pôr um filho na escola pública tem que se pagar a inscrição do miúdo, para ser atendido num hospital público tem que se pagar. Os medicamentos que são importados, quem os importa tira a margem dele, depois os remédios vão para o depósito, lá alguém também tira uma parte, depois vai para o hospital, lá também alguém tira uma parte, depois vão para os enfermeiros, e estes, por sua vez, tiram uma parte e vão vender no mercado. Vê-se que qualquer pessoa que precisa de ser atendida no hospital tem que comprar as coisas e pôr no hospital. Andamos todos aqui a cobrar uns aos outros, a comermo-nos uns aos outros e ninguém cumpre a sua missão como deve ser. Há de haver razões para isso, mas a razão principal é que ninguém é punido por nada.


Impunidade generalizada que o Presidente da República diz ter "dias contados"...
Nós somos muito permissíveis, aceitamos muita coisa. Estou a falar de cima a baixo. Há uma aceitação de que ser funcionário público ou estar na administração pública tem direito a cobrar. Não se consegue uma licença para construir uma casa, não se consegue legalizar um terreno, não se consegue nada sem pagar. É necessário começar a colocar ordem nisto. Com a demissão do secretário do Presidente da República para os Assuntos Económicos, para ser investigado, e a detenção do director Nacional do Tesouro, parece-me que os intocáveis começam a ser tocados, espero que isto seja exemplo.


(Leia o artigo na integra na edição 450 do Expansão, de sexta-feira 01 de Dezembro de 2017, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)