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Grande Entrevista

"Importação tem causado um stress terrível às reservas internacionais"

Grande Entrevista

O contabilista que já pertenceu aos quadros da Sonangol considera preocupante o cenário macroeconómico do País e defende a desvalorização da moeda como medida para estabilizar o mercado. Diz que o apelo do PR aos capitalistas é uma questão patriótica.

Como olha para os indicadores macroeconómicos?
Estou preocupado. Os indicadores colocam-nos hoje, e por decorrência da crise do preço do petróleo, numa situação muito delicada. Temos de mudar e aprender a viver com esta nova realidade. Tenho a esperança que se seguirmos o caminho desta que parece ser a nova vontade política, os agentes económicos, no caso, as empresas, encontrarão a saída da crise. A questão da inflação, em muitos casos é reflexo da característica da nossa economia que é importadora. A importação tem causado o stress nas Reservas Internacionais Líquidas, ou melhor, um arrombo terrível. Para evitar essa pressão temos que resolver o problema da importação apostando no investimento interno para o sector produtivo. Não temos excessos de divisas na nossa balança de pagamentos, quer dizer, vendemos cada vez menos ao exterior. O recurso à importação de bens da cesta básica está a elevar os preços no mercado.


A isso acresce-se também a falta de divisas?
Divisas e desemprego. É preciso reagir e tomar medidas que eventualmente devem estar no plano para estabilizar o mercado cambial e assegurar os rendimentos das famílias. E uma destas medidas é realmente a desvalorização. A desvalorização que defendo deve ser entendida como expressão verdadeira da economia. A não desvalorização do Kwanza, além de estrangular as reservas é uma teimosia que o passado já nos disse que não era boa e já aprendemos o suficiente com isso. A verdade é que 1 USD não vale 166 Kz por ser uma realidade inquestionável, pelo menos é isso que assistimos todos os dias. Essa é a mensagem que passamos ao Banco Nacional de Angola, que se desvalorize o Kz. O medo é de que os agentes económicos entrarão em pânico e colocarão os preços no tecto, mas na verdade é preciso dialogar e educar os nossos empresários para não entrarem em pânico.

(Leia o artigo na integra na edição 453 do Expansão, de sexta-feira 22 de Dezembro de 2017, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)