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Grande Entrevista

"Tivemos corrupção, mas a maioria dos nossos contratos era exemplar"

Michael Munro Director de Compliance da odebrecht

Num ano, Michael Munro "varreu" a liderança de topo da Odebrecht e implementou um programa anticorrupção, avaliado com a nota máxima, pela Transparência Internacional. O renascer de um gigante, que gere um orçamento "multimilionário" em compliance.

No congresso sobre o compliance, em Luanda, disse que a Odebrecht é uma nova companhia. Porquê?
A Odebrecht passou, e em alguns aspectos continua a passar, por uma situação difícil, por erros cometidos. Por causa deles e das suas consequências, a companhia tinha de mudar, não havia opção. Hoje, a maior parte das empresas não tem uma segunda chance, nós tivemos...


Foi um renascer?
Completamente. Foi uma total mudança de gestão, 77 líderes de topo já não estão na companhia, temos novas políticas, novos procedimentos e programas.


São novos executivos e um novo programa, mas os mesmos trabalhadores. Como garante que todos mudaram?
A corrupção na Odebrecht envolvia o topo da companhia, estava toda documentada. Por isso, temos a certeza que os trabalhadores que faziam o seu trabalho, e continuam a fazer, não estiveram envolvidos. Gostava também de dizer que na maioria dos contratos, ao longo destes anos todos de actividade, não havia corrupção. É duro porque as pessoas fazem logo uma generalização e pensam que a Odebrecht era corrupta em todo o lado, mas não. Tivemos corrupção, fizemos coisas muito más. Mas a maioria dos contratos foram feitos de forma exemplar.


Consegue quantificar a percentagem de contratos que não envolveram subornos?
A Odebrecht existe há mais de 74 anos, penso que ninguém consegue fazer essa análise. Mas tenho a certeza que era a maioria.


Mesmo nos anos mais recentes, tocados pelo escândalo?
Sim. A Odebrecht é uma companhia enorme. Há poucos anos tinha 200 mil trabalhadores e contratos em 32 países.


Qual foi o custo, em termos de investimento, para mudar todo o sistema e ter regras de compliance que assegurem que a empresa não volta a cair em casos de suborno?
Como a Odebrecht é uma companhia global, foi muito dispendioso. Milhões de dólares num ano. Tivemos de implementar o programa de compliance, montar a equipa e o processo e, para manter tudo isto a funcionar, temos um orçamento multimilionário.

(Leia o artigo na integra na edição 473 do Expansão, de sexta-feira 18 de Maio de 2018, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)