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Opinião

Sim, Senhora Engenheira Isabel dos Santos!

Editorial

O Presidente João Lourenço regressou esta quarta-feira de um périplo europeu de nove dias com duas visitas oficiais, a França e à Bélgica, e uma privada, a Espanha.

Qual caixeiro viajante, o PR foi vender o seu produto Angola. Na bagagem levou as "decisões ousadas" que tomou em oito meses na Presidência de Angola, para usar as palavras do seu homólogo Emmanuel Macron. Entre as "decisões mais ousadas", João Lourenço citou o combate ao "gigante da corrupção", a eliminação de barreiras ao investimento estrangeiro com a nova Lei do Investimento Privado (LIP) e a facilitação dos vistos.
Não fosse a polémica à volta do custo do avião em que se fez transportar e poderíamos dizer que tudo correu às mil maravilhas.
Sobretudo se tivermos em conta que as visitas ocorreram num contexto nacional muito difícil. A crise económica e financeira que o País atravessa secou os cofres públicos. Para Angola regressar à senda do crescimento económico precisa de capital, conhecimento de gestão e tecnologia do estrangeiro.
Ma não tenhamos ilusões. As visitas de Estado abrem portas e pouco mais.
O trabalho para a obtenção de resultados concretos começa quando acabam as visitas de Estado. Embora a maior parte deste trabalho seja da responsabilidade dos empresários - afinal são eles que fecham os negócios - às embaixadas também cabe, ou pelo menos deveria caber, um papel importante.
Ainda que as empresas e as embaixadas façam a sua parte, João Lourenço precisa de continuar a ousar.
Estou a pensar no regime cambial, que deve ser flexibilizado. Como escrevi aquando da aprovação da LIP, o problema dos estrangeiros que investem em Angola não é a taxa de câmbio - existem mecanismos de cobertura de risco cambial. O problema dos investidores estrangeiros em Angola é não poderem repatriar os seus capitais quando querem e lhes apetece, devido às restrições cambiais existentes em Angola.
Sim, a engenheira Isabel dos Santos está carregada de razão ao questionar "qual o investidor estrangeiro que vai entrar se não dão autorização aos actuais investidores estrangeiros para levarem os lucros em dólares".
Ainda que Isabel dos Santos tenha impedido a Portugal Telecom e depois a OI de transferir a sua parte dos lucros na Unitel, ainda por cima, numa altura em o País nadava em divisas, a engenheira não deixa de ter razão. Afinal, limita-se a seguir o slogan corrigir o que está mal...