Liberdade dos cidadãos depende do conhecimento no uso da IA
A questão sobre se a utilização massiva da Inteligência Artificial nas telecomunicações limita a liberdade dos cidadãos, dominou o painel "Desconstruindo conversas do Expansão", e apesar dos participantes não serem unânimes nas respostas, partilham a ideia de que a chave está na forma de utilização desta ferramenta.
O bastonário da Ordem dos Advogados de Angola, que abriu o espaço com "A voz do cidadão", entende que é preciso haver uma intelectualidade considerável no uso da Inteligência Artificial (IA), para evitar dependências.
"Uma das preocupações é que temos de melhorar bastante o nosso nível intelectual para não nos tornarmos reféns da inteligência artificial. E como diz alguém, o dia que desligarem o botão nada sabemos e o País realmente fica às escuras", explicou José Domingos.
O jurista entende que o primeiro problema no uso da IA em sociedades como a nossa, começa com pouca informação, cientificidade, e o nível de censura para os conteúdos que queremos. E a questão é se, de facto, esta inovação, esta revolução, produz ou não impacto na liberdade do cidadão. E num contexto como o nosso onde o sistema de ensino ainda tem várias debilidades a situação ainda é mais preocupante.
"A questão afigura-se bastante preocupante, quando aquela pessoa que se vai socorrer da Inteligência artificial, praticamente nada sabe. Como é que vamos substituir a necessidade de desenvolvermos tecnologicamente ou psicologicamente, com padrões de reforços coerentes, se temos ao lado a inteligência artificial, que num tempo recorde faz tudo e com uma precisão aceitável. Ou seja, aquele indivíduo que não sabe fazer, não terá capacidade de avaliação", disse o bastonário.
Para José Domingos, é preciso que se reflicta como é que esta geração, que está no ensino de base, que está no ensino médio, que tem hoje a possibilidade de olhar para o telefone e ir ao chat do GPT e questionar, vai competir no mercado. Mesmo assumindo que nada sabe sobre a IA, o bastonário da Ordem dos Advogados alertou para questão da privacidade quando se usa esta ferramenta, tendo como base a sua profissão.
"Que riscos hoje temos realmente com a inteligência artificial? Quando eu, como advogado, recorro a um chat para elaborar um contrato, o sigilo profissional, que é fundamental na nossa profissão, afinal, pode facilmente ficar comprometido", disse.
Ainda assim José Luís entende que a IA bem usada pode ter algumas vantagens, mas é preciso ter algum controlo sobre a sua utilização. Maior cuidado na utilização da Inteligência artificial A questão da limitação das liberdades dos cidadãos com a utilização da Inteligência Artificial também esteve na "Voz das empresas", e apesar dos participantes não serem unanimes nas suas opiniões, partilham a ideia da necessidade de maior cuidado no uso desta ferramenta.
Marco Mendes, administrador da Aliança Seguros, entende que a utilização massiva da inteligência artificial nas telecomunicações não limita a liberdade dos cidadãos, porque há políticas de controlo das bases de dados e elas devem ser protegidas. "As bases de dados existem em todos os sectores. Uma empresa de telecomunicações tem uma base de dados gigantesca, temos é que protegê-las", disse.
Para este profissional de seguros, a questão está também no uso que é dado na informação obtida pela Inteligência Artificial. "Imagina, alguém que entra num chat GPT e obtém uma informação, pode usar para desenvolver muitos outros temas e estudar. Agora não deve é usar na resposta a uma prova da faculdade, por exemplo, exactamente o texto que me veio no chat GPT", defendeu..
Leia o artigo integral na edição 806 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Dezembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)