Depois da refinaria, segue-se uma mina de diamantes para o grupo Gemcorp
A Gemcorp entra agora no sector dos diamantes, com a outorga dos direitos mineiros ao Projecto MULEPE (do qual tem 75% do capital através da Gemcorp Holdings Limited), de uma área de 175 km2 para prospecção e avaliação na província da Lunda Norte, uma dimensão que pode deixar antever a existência de um kimberlito.
É o primeiro projecto da Gemcorp no sector dos diamantes na África Subsariana.
De acordo com o despacho presidencial n.º12/21 de 2 de Fevereiro "é aprovado o Contrato de Investimento Mineiro e outorga os direitos para Reconhecimento, Prospecção, Pesquisa e Avaliação dos Jazigos Primários e Secundários de Diamantes", e no ponto 7 acrescenta-se, "o titular dos direitos mineiros concedidos fica obrigado a prestar à Agência Nacional de Recursos Minerais e ao Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, as informações económicas e técnicas decorrentes da sua actividade, bem como apresentar os relatórios periódicos exigidos por lei."
Tal como acontece em outros projectos, a Gemcorp entra com uma posição maioritária mas tendo como sócio o Estado angolano, neste caso a Endiama Mining que ficou com 25% da estrutura societária. No mesmo decreto não pode ter-se a noção do tempo necessário para elaboração e conclusão dos estudos geológicos, nem o montante de investimento mínimo, uma vez que estas respostas são remetidas ao plano de prospecção, que não é do domínio público.
Nesta empreitada, a Gemcorp supervisionará a comercialização e as demais operações do projecto, e de acordo com a informação dos promotores do projecto, estima-se que a mina venha no mínimo a processar anualmente 3 milhões de quilates com o teor médio de 10,95 quilates por 100 toneladas, ou seja, uma qualidade de diamantes aceitável para o mercado internacional.
Negócios em Angola
Desde que começou a trabalhar com o governo de Angola em 2015, com uma linha de financiamento aprovada pelo Ministério das Finanças em 250 milhões de dólares, a influência da Gemcorp cresceu de forma exponencial, apesar de muitos dos seu negócios no País estarem envolvidos em pressupostos que foram muito onerosos para o Estado, conforme reportagem publicada pelo Expansão em 8 de Novembro de 2019. Parte destes financiamentos foram utilizados para a importação de bens alimentares e medicamentos, o que fazia com que a Gemcorp, através dos vários tipos de empresas que possui, actuar no nosso País, simultaneamente como gestora, intermediária, mutuante, trader e importadora.
Até ao final de 2018, no tempo em que Archer Mangueira era ministro das Finanças e Valter Filipe governador no BNA, a Gemcorp assinou com Angola - MinFin e BNA - acordos de financiamento que se aproximavam dos 5 mil milhões de dólares. Foi também nesta altura que se tornou o maior gestor de activos externos do BNA, ao mesmo tempo que era também um dos maiores credores da instituição angolana. Uma história que o Expansão contou na sua edição de 16 de Junho de 2020, a propósito do facto de a Gemcorp se ter recusado a informar o BNA onde estavam aplicados esses activos.
(Leia o artigo integral na edição 611 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Fevereiro de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)