Rolagem da dívida satura capacidade da banca em investir
A rolagem sucessiva da dívida está a saturar a capacidade da banca de reinvestir em dívida pública, defende o economista Alberto Vunge, que alerta ao Executivo sobre a necessidade de injectar liquidez na banca por via do resgate da dívida pago em dinheiro fresco e não com títulos.
Para o especialista, na base da retracção do investimento da banca angolana no mercado primário está o facto de este sector estar saturado e por isso já ultrapassou a sua capacidade de investimento em dívida pública.
Outra fonte revela ter participado numa reunião com o FMI onde se alertava o Estado sobre a necessidade de fazer resgates de dívida para devolver a liquidez à banca e assegurar que esta volte a investir em peso nestes activos.
A "maka" é que sempre que o Estado no período do resgate não pagar em dinheiro a dívida expirada e substitui-la por divida nova com maturidade mais longa, os bancos correm o risco de ficar sem liquidez suficiente para aquisição de novos títulos na quantidade desejada, diz Vunge. Dito de outro modo, se o Estado pagar a dívida velha com divida nova, ao invés de dinheiro os bancos ficam sem liquidez para financiar a economia seja por via da dívida seja por via do crédito. Tal facto vai prejudicar ainda mais a capacidade do Estado em colocar divida nova no mercado.
Uma vez que os bancos praticam a máxima do risco-retorno, o economista defende que se o Estado continuar com a rolagem da dívida as instituições financeiras vão preferir aplicar a sua liquidez na actividade cambial que tem retornos mais seguros e com menor risco em relação à dívida pública.
(Leia o artigo integral na edição 612 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Fevereiro de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)