Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Empresas & Mercados

Declínio da produção e problemas técnicos arrasam receitas fiscais petrolíferas

Menos 264,9 mil milhões Kz em receitas com exportação de petróleo

Angola encaixou 1,1 biliões Kz em receitas fiscais com a exportação de petróleo no I trimestre de 2021, menos 265 mil milhões Kz face aos quase 1,4 biliões registados no mesmo período de 2020, representando uma queda de 19% nestas receitas, de acordo com os dados publicados no site do Ministério das Finanças.

Na base deste afundanço está a quebra de 18% na produção, equivalente a menos 245 mil barris/dia do que foi produzido em média nos três primeiros meses do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão com base nos dados sobre a produção publicados no site da ANPG. Nos primeiros três meses de 2020 Angola produziu 125,7 milhões de barris, o que compara com os 102,2 milhões produzidos entre Janeiro e Março de 2021.

Contas feitas, a produção média diária no I trimestre de 2020 passou de quase 1,381 milhões de barris para 1,136 entre Janeiro e Março de 2021. Segundo dados publicados pelo MinFin e compilados pelo Expansão, o Bloco 15 foi o que sofreu a maior queda de exportações, menos quase cinco milhões de barris vendidos no I trimestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, seguido pelo Bloco 32, com menos 4,5 milhões, e o Bloco 17 com menos 4 milhões. Só dos três principais blocos do país saíram menos 13,5 milhões de barris para o estrangeiro.

O Expansão questionou vários especialistas sobre como se justifica uma quebra de 26% nas exportações do Bloco 15, de 23% no Bloco 32 (onde está a nova "jóia da coroa" Kaombo) e de 11% no Bloco 17. As causas passam pelo declínio da produção que resulta do envelhecimento de alguns poços mas também por questões relacionadas com a manutenção de equipamentos que, por vezes, "provocam interrupções na produção" durante vários dias.

"Existem vários factores que causam a queda de produção em Angola, não apenas factores de declínio natural, porque o Kaombo é novo e não há indicação de declínio natural. Quase todos campos angolanos estão a sofrer declínios por razões técnicas, que resultam da falta de investimento na manutenção de equipamentos, como compressores, turbinas, etc. Havendo paragens num compressor, não há produção e podem até parar uma semana", admite Armindo Costa, engenheiro geofísico especializado em petróleo e gás, antigo presidente da General Electric Angola. O também ex-director de operações geológicas da BP adianta ainda que esta "lacuna na manutenção dos equipamentos" também resulta da pandemia da Covid-19, que tem dificultado a mobilidade dos técnicos de manutenção.

Já o especialista José Oliveira adiantou que no Kaombo há "um problema" de mistura de água com petróleo que obrigou ao encerramento de alguns furos, afectando a produção e a rentabilidade.

O Bloco 17 continua a ser a principal área de produção e de exportação de petróleo. É deste bloco operado pela francesa Total que foram exportados 32,5% dos 105 milhões de barris vendidos entre Janeiro e Março de 2021. Já o Bloco 32 também operado pelos franceses, onde está localizado o projecto Kaombo, "vale" 14% das exportações no I trimestre.

(Leia o artigo integral na edição 622 do Expansão, de sexta-feira, dia 30 de Abril de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)