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Grande Entrevista

"As cimenteiras estão a produzir e a esforçar-se para se adequar ao mercado"

Paul Ang - PCA da Genea Angola

O líder associativo e gestor afirma que Angola nunca se estruturou para exportar outro produto que não seja o petróleo ou diamantes, Por isso os empresários têm enormes dificuldades para exportar cimento.

Neste momento quantos trabalhadores empregam as cimenteiras?

O processo produtivo nas cimenteiras exige sempre um número elevado de mão-de-obra. Portanto, todas as fábricas de cimento empregam directamente três mil trabalhadores e temos ainda cerca de seis mil trabalhadores a prestar serviços de forma indirecta.

A produção de cimento em Angola é suficiente para garantir a autossuficiência do País?

As nossas indústrias garantem a autossuficiência no que diz respeito à produção nacional de cimento. Já temos uma produção mais do que satisfatória, mas, infelizmente, a nossa maior dificuldade está na quantidade consumida, que tem sido muito abaixo do esperado por causa da crise que o País enfrenta.

E de que maneira as obras agregadas ao Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) tiveram impacto na vossa actividade?

O PIIM ajuda, mas com certeza não resolve os problemas. O conjunto de obras desenvolvidas no âmbito do PIIM tem favorecido o consumo de cimento, mas não consegue absorver a totalidade da produção.

Como está a relação do sector com o Governo?

Temos uma relação muito boa com o Governo. A nossa indústria está bem representada, mas infelizmente a crise não tem facilitado o nosso trabalho.

Actualmente, qual é a capacidade de produção de cimento em Angola?

Há alguns anos, o País consumia apenas quatro milhões de toneladas por ano e importava um valor próximo a esse número. A nossa produção não chegava aos seis milhões de toneladas por ano. Nos dias de hoje, temos uma capacidade produtiva de oito milhões de toneladas por ano. Apesar de produzirmos oito milhões de toneladas por ano, só conseguimos vender cerca de três milhões, o que nos leva a um excesso na produção nacional de quase cinco milhões de toneladas. Este problema só será resolvido se conseguirmos exportar.

Qual o impacto da desvalorização da moeda na vossa indústria?

As nossas dificuldades foram agravadas com as questões cambiais. Falo principalmente para aquelas empresas que, apesar de terem tido um bom planeamento, fizeram muitos empréstimos em moeda estrangeira. Porque, quando o empresário recebe o investimento para construir a sua fábrica, ele recebe em moeda externa, mas na hora de vender o produto deverá fazê-lo em moeda nacional. Então, se existe um desfasamento, por exemplo, entre a taxa de câmbio oficial e a taxa prevista no contrato em que se adquiriu os equipamentos, com certeza, as coisas não funcionam.

Quanto vale a produção de cimento no PIB?

Não temos esses dados disponíveis, mas, em 2020, o PIB nacional valia 62,31 mil milhões USD e acredito que o valor de 2021 é semelhante por causa da recessão económica, ou seja, o País não cresceu e por isso não houve grandes alterações.

(Leia o artigo integral na edição 657 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Janeiro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)