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África

Eleições municipais na África do Sul traduzem-se em derrocada para o ANC

ANC pode perder Joanesburgo e Pretória

As eleições municipais desta segunda-feira foram visto como um referendo ao ANC e à liderança de Cyril Ramaphosa e o resultado é uma queda prevista de cerca de 50%, o pior resultado desde que o partido, que também foi de Nelson Mandela, chegou ao poder em 1994

As eleições municipais do início da semana foram vistas como um referendo ao ANC, muito afectado por uma ideia de corrupção endémica no aparelho partidário e, consequentemente, no aparelho de Estado.

São 27 anos à frente dos destinos do país, com uma economia em crise e taxas de desemprego ciclicamente altas numa das nações mais industrializadas do continente.

Os resultados preliminares apontam para que em mais da metade das 23 mil assembleias de voto o ANC não tenha passado dos 46%.

É muito possível que ANC, para continuar a governar o país, tenha de o fazer através de um governo de coligação se estes resultados se replicarem nas eleições gerais previstas para 2024.

Ainda assim, a oposição continua fragmentada, com o maior partido da oposição, a Aliança Democrática (DA), a alcançar 23% da votação, e o radical EFF, liderado por Julius Malema tenha alcançado 10% das votações.

Ralph Mathekga, analista e autor de livros sobre o ANC, em declarações à Reuters avançou que estas eleições podem ser "um indicador do que se aproxima nas próximas eleições gerais", ou seja, a inevitável leitura nacional das eleições locais.

"Se o ANC cair abaixo de 50%, a África do Sul não será mais liderada por um partido hegemónico", disse Mathekga, acrescentando que este resultado pode pôr em causa a posição de Cyril Ramaphosa como líder do ANC, até porque o partido vai a eleições no próximo ano. No entanto, enfatiza, nenhum outro partido parece, ainda que remotamente, pronto para rivalizar com o ANC.

Para minimizar a perda da maioria que dispõe, o ANC contava ficar com as grandes áreas metropolitanas - a maior cidade do país e centro económico, Joanesburgo, e a capital, Pretória. Mas os resultados provisórios apontam noutro sentido.

Os resultados de Joanesburgo, com cerca de 30% das assembleias de voto apuradas, davam ao ANC 37%, contra 22% do DA. O DA liderava, entretanto, em Tshwane, que inclui Pretória, com 39% dos votos contra 29% do ANC.

ActionSA, o recém partido populista liderado por Herman Mashaba, foi criticado por ter feito comentários anti-imigração, obteve 1,6% dos votos em todo o país, mas em Joanesburgo conseguiu 17% da votação, é a terceira força partidária logo a seguir ao ANC e à DA.