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Opinião

A situação das exportações no 1.º Trimestre de 2022 com ênfase no sector não-petrolífero

CHANCELA DO CINVESTEC

A presente análise é baseada na Balança de Pagamentos publicada pelo BNA. Se nada for dito em contrário, as comparações referem-se sempre aos primeiros trimestres dos anos indicados. A comparação privilegia a evolução face a 2021 (ano anterior) e 2019, para se poder aferir o grau de recuperação face ao período pré-pandemia.

As exportações totais cresceram 80%, de 7,0 mil milhões para 12,6 mil milhões USD; relativamente a 2019, e 42%, relativamente a 2021. As exportações petrolíferas crescem 82%, relativamente a 2021 e 45% relativamente a 2019. As exportações de diamantes crescem 67%, relativamente a 2021 e 23%, relativamente a 2019, com crescimentos simultâneos das quantidades e preços.

As restantes exportações caem 12% face a 2021, com uma queda de 18% na exportação de bens e um crescimento de 10% na exportação de serviços. Relativamente a 2019, há um forte decréscimo de 200 para 70 milhões USD (-65%), mas, desta vez, com um crescimento de 30% nos bens e um decréscimo de quase 90% nos serviços, em especial viagens, que foram muito afectadas não só pela pandemia, mas também pelo desempenho da TAAG.

As exportações petrolíferas representam entre 93,4%, em 2019 e 95,6% em 2022; as diamantíferas, 3,8%, em 2022 e 4,4%, em 2019; e todas as restantes, entre 0,6%, em 2022, e 2,3%, em 2019. Com os actuais preços, o sector petrolífero ganha peso constante em detrimento de todos os restantes sectores.

A diversificação das exportações não se verifica. Vamos hoje concentrar-nos nas exportações não petrolíferas. Quando excluímos o sector petrolífero, torna-se imediatamente preponderante o peso do sector diamantífero. Pode também observar-se que as outras exportações caem continuamente, criando-se uma segunda dependência, face aos diamantes.

As exportações não-petrolíferas atingem 549 milhões USD, crescendo 50% relativamente a 2021, mas situando-se 7% abaixo de 2019. Parte do declínio deve-se ainda a uma terceira dependência: no que respeita às outras exportações, eram preponderantes os serviços de viagens, que praticamente desapareceram com a pandemia e os problemas da TAAG.

As exportações de diamantes sobem de 388 para 479 milhões USD entre 2019 e 2022 (23%). Os preços passam de um valor médio de 145 USD para 250 USD por quilate, entre 2019 e 2022 (+72%). As exportações em quantidades crescem de 1,5 milhões de quilates, em 2021 para 1,9 milhões, em 2022 (+ 28%), mas caem 28% relativamente a 2019. Os diamantes consolidam-se assim como a nossa terceira exportação, ganhando algum terreno ao gás, em 2021, mas voltando a afastar-se, em 2022, devido ao enorme crescimento dos preços deste último, o que se acentuou com a invasão da Ucrânia.

As exportações de bens e serviços, com excepção dos sectores petrolífero e diamantífero, caem de 200 para 70 milhões USD (-65%), face a 2019, com os serviços a caírem de 161 para 18 milhões USD (-89%) e os bens a subirem de 40 para 52 milhões (+30%). Observa-se uma queda de 80 para 70 milhões relativamente a 2021 (-12%), com os serviços a subirem muito ligeiramente de 17 para 18 milhões (+10%) e os bens a caírem de 63 para 52 milhões (-18%).

Os serviços de viagens são os principais responsáveis pela queda dos serviços, já que representaram 143,6 milhões, no 1.º Trimestre de 2019, e uns irrisórios 3,6 milhões USD, no 1.º Trimestre de 2022 (-98%), perdendo o lugar de segunda exportação não-petrolífera para se situar no fundo da tabela das exportações. Pior ainda é que caem face ao 1.º Trimestre de 2021, de 4,6 para 3,6 milhões (-23%), defraudando completamente a expectativa de recuperação. Aguardemos os próximos trimestres.

O sector do pescado cai de 21 para 13 milhões (-40%) entre 2019 e 2022, descendo também relativamente a 2021 (-10%) Segue-se o sector madeireiro, que desce de 11 para 9 milhões (-18%) depois de ter subido para 13 milhões em 2021. A queda relativamente a 2021 é muito acentuada, mas as exportações são estáveis entre 6 e 9 milhões, estando a anomalia nos 13 milhões do 1.º Trimestre de 2021.

(Leia o artigo integral na edição 686 do Expansão, de sexta-feira, dia 05 de Agosto de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)