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Opinião

Empresariado nacional

Editorial

Têm sempre uma história de corrupção para contar, um momento em que tentaram ficar com parte da sua actividade e, agora, as queixas que se generalizam sobre a postura da AGT

Esta foi a semana em que regressou a FILDA, depois de 18 meses de ausência, e que se assume a grande plataforma empresarial do País. Serve fundamentalmente para perceber como tem sido a evolução da produção e da indústria nacional, porque possibilita a conversa directa com os empresários. Não com os que habitualmente aparecem nas televisões públicas a assinar projectos com mais de 12 zeros, mas os que, espalhados pelo País, sabem quanto custa manter e desenvolver um negócio, de acordo com as condições que existem à sua volta. E, neste aspecto, depois de um dia na feira, não restam dúvidas, há mesmo espírito empreendedor em Angola, que não precisa de viver pendurado no OGE ou nas benesses do regime para ter sucesso. Mas que vive com muitas dificuldades.

Grande parte destas dificuldades tem a ver com questões externas à sua própria actividade, falta de acesso a serviços básicos, como energia, água, telecomunicações, estradas, que são factores de competitividade, que as tornam mais frágeis face à concorrência que chega de contentor a outras empresas que não precisam de fazer contas. Que podem acumular perdas sem que isso signifique verdadeiramente um problema.

Também me parece que o Estado não leva muito a sério este pequeno e médio empresariado espalhado pelo País. Quase todos se sentem desacompanhados, com inúmeras queixas das relações com os órgãos da Administração Pública, dos atropelos à legalidade a que estão sujeitos quando os interesses dos dirigentes se cruzam com a sua actividade. Têm sempre uma história de corrupção para contar, um momento em que tentaram ficar com parte da sua actividade e, agora, as queixas que se generalizam da postura da AGT.

Este empresariado precisa de apoio e de ser valorizado. E é também nestas ocasiões que deve acontecer. Embora se entenda o discurso de valorização do trabalho do governo por parte do ministro da Coordenação Económica e do ministro da Economia, não houve um espaço na cerimónia da abertura oficial da FILDA para falar dos seus problemas e da forma como podem ser resolvidos. Muito de "o País está a crescer, tem muito melhor imagem no exterior, temos saldo orçamental positivo", e muito pouco de "vamos resolver os problemas que são da nossa responsabilidade e que impactam sobre a vossa actividade", ou "vamos melhorar o ambiente de negócios e facilitar a vossa vida".

Um pormenor que também não passou em claro - falaram o ministro de Estado, o ministro da Economia, o vice-governador de Luanda e o PCA da Eventos Arena, mas não houve espaço para ouvir na cerimónia um empresário ou um representante de uma qualquer associação empresarial. Diziam-nos que é assim que os políticos olham para os pequenos e médios empresários. É esta a importância que lhes dão.