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"A literatura infanto-juvenil não tem tido o apoio, a divulgação que deve ser feita"

CREMILDA DE LIMA

São mais de 50 anos dedicados à literatura, sobretudo à infantil. Foi homenageada no Festival Nzonji ya Monadengue, mas Cremilda de Lima quer que se continue a dar a devida atenção às crianças com a produção de conteúdos para esta fase etária.

Foi homenageada recentemente no Festival de Arte Nzoji Ya Monandengue. Como foi?

Foi muito emocionante. A homenagem foi preparada pela Solange Feijó, que tem a Companhia de Artes Sol, ela contactou-me e fiquei feliz por poder participar, porque eu adoro as crianças.

O que despertou a sua atenção para o festival?

Gosto muito do trabalho que se faz com elas, porque trabalhar com crianças requer amor, dedicação, perseverança e conforto. E isto tudo foi transmitido pela Solange Feijó e pela sua equipa durante a semana do festival, com actividades todos os dias, desde dança, artes plásticas, música, teatro, literatura e actividades que fazem com que as crianças aprendam e realmente se preparem para o futuro.

E recebeu o galardão...

Sim, recebi uma menção honrosa por ter participado sempre na LAC com as crianças e também o galardão, que tenho no meu coração e que já dediquei a todas as crianças angolanas, aos netos, à família. Homenagens do género são realmente marcantes na nossa vida cultural.

E as surpresas no evento?

Pois claro, tive uma alegria muito grande quando uma menina e um menino recitaram a poesia "Galinha dançarina" em português e umbundu. O umbundu foi tão bem falado que a sala toda ficou rejubilada e percebi o tanto que perdemos, por não aprendermos as nossas línguas nacionais.

E criou ideias...

Sim, senti o que sinto há algum tempo: este poema pode ser dito nas outras línguas. Hoje, por exemplo, continuamos a ter os noticiários, mas são apenas para os adultos. Penso que temos de lançar mãos a projectos do género do Festival da Solange Feijó, porque são de base para que criem raízes, ramos e frutos. Pois assim as nossas crianças vão poder participar em programas de televisão e rádio, programas estes que pecam um pouco porque dedicarem parte do seu tempo a reapresentar bonecos animados e músicas antigas. Não quer dizer que as crianças não gostem, mas tem de renovar. Podemos criar novos conteúdos.

Quais, por exemplo?

O " Mini Estrelas ao Palco". Eu assisti a tudo. Participei com aquele menino, o Ermelindo, tem 8 anos, mas já parecia uma estrela. Penso que são programas de televisão como este que são os que as pessoas mais vêem, devem apresentar. Juntar o teatro, a dança, con-versas. Podemos aproveitar as línguas nacionais para serem introduzidas nas conversas entre adultos e crianças. Por acaso, tenho o livro de adivinhas em kimbundu e português, onde acontece uma conversa entre a avó e o neto. É muito interessante, também.

O Festival Nzoji Ya Monandengue chegou perto disso?

De tudo que vi, a Companhia de Artes Sol precisa de apoio. É necessário que o Estado apoie estas companhias e outras que têm estado a trabalhar, que sejam espaços culturais para as criança que se vão formando para adquirir conhecimento cultural.

(Leia o artigo integral na edição 656 do Expansão, de sexta-feira, dia 7 de Janeiro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)