Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Angola

Estudar num colégio privado pode custar até 399 vezes o salário mínimo nacional

POR ANO

Face à escassez de escolas, e de qualidade, os pais são obrigados a recorrer ao ensino privado, onde há ofertas para todos os bolsos Em alguns colégios privados são cobradas propinas milionárias e a Escola Internacional de Luanda é a que tem os preços mais elevados. Aqui, a qualidade top paga-se a peso de ouro.

Estudar num colégio privado em Luanda pode custar até 19,6 milhões de kz por ano, equivalente a 399 vezes o salário mínimo nacional, fixado em 50 mil Kz para micro e pequenas empresas. A ausência de um sistema público de ensino de qualidade e acessível tem impulsionado a proliferação de colégios privados, alguns deles de "luxo", com ofertas educativas para diferentes bolsos.

Numa ronda realizada pelo Expansão uma semana antes do início do ano lectivo 2025/2026, junto de oito dos colégios mais requisitados da capital, foram apurados valores de propinas mensais que variam entre 71 mil Kz e quase 2 milhões Kz, evidenciando uma realidade marcada pela desigualdade no acesso à educação.

O ranking das instituições mais caras é liderado pela Escola Internacional de Luanda, onde os encarregados de educação de alunos nacionais têm de pagar mensalmente cerca de 1,9 milhões Kz, totalizando 19,9 milhões Kz por ano, considerando dez meses de aulas. O pagamento é feito por trimestre e os pais ainda estão sujeitos a outros custos como o caso da inscrição pela primeira vez, cujo preço é de quase 5 milhões Kz, o mesmo valor que é cobrado pelo acesso às instalações. Em segundo lugar está a Escola Internacional Americana, com uma mensalidade de 1.458.902 kz, o que representa 14,5 milhões Kz por ano.

Também entre os colégios mais caros está o Colégio São Francisco de Assis, que segue o currículo português. A propina anual é paga em parcelas trimestrais de 3,4 milhões Kz, o que equivale a 10,2 milhões por ano, uma média de 1 milhão por mês.

Já no Colégio Angolano de Talatona, a propina anual é de 4,7 milhões, com mensalidades de 474,0 mil Kz. Já o Colégio Crystal de Talatona cobra 390 mil por mês, totalizando 3,9 milhões por ano.

Ainda dentro dos estabelecimentos de ensino privado com maior prestígio na capital do País, a Escola Portuguesa de Luanda, que segue o sistema de ensino deste país europeu, cobra 302 mil Kz menais, o que corresponde a 3,0 milhões Kz/ano.

Já do lado dos mais reconhecidos colégios nacionais, os preços são mais moderados. O Colégio Elizangela Filomena, localizado no bairro 1.º de Maio, apresenta uma mensalidade de 97 mil kz, enquanto a Escola Pitruca é das mais acessíveis, com uma mensalidade de 71 mil.

A estes valores há que acrescentar taxas adicionais por serviços como alimentação, transporte, matrícula e outros emolumentos cobrados no acto da inscrição.

Segundo a administração de alguns colégios que o Expansão visitou, os preços elevados são justificados pelas condições oferecidas, salas climatizadas e bem equipadas, acompanhamento personalizado por aluno e serviços de vigilância. Outro factor apontado é a contratação de professores estrangeiros, cujos salários estão indexados a moedas como o euro e o dólar norte-americano, o que encarece os gastos.

Para alunos estrangeiros, alguns colégios aplicam uma taxa diferencial em relação aos estudantes nacionais. No caso da Escola Internacional de Luanda, um aluno estrangeiro paga 36,4 milhões Kz por ano.

Face à falta de lugares nas escolas públicas, milhares de angolanos são obrigados a recorrer a estabelecimentos de ensino privado, muitos deles sem apresentarem as condições necessárias ao desenvolvimento da actividade, com mensalidades que em alguns casos rondam entre os 5 e os 7 mil Kz.

A realidade no que diz respeito ao acesso à educação contrasta muitas vezes com o discurso oficial de que este sector é alvo de forte aposta por parte dos sucessivos governos. A "prova provada" disto mesmo, é que este ano, em termos de despesas por função, estão previstos para a Educação cerca de 2,3 biliões Kz, mas no I semestre foram executados apenas 545,8 mil milhões Kz, equivalentes a 24% das verbas destinadas para todo o ano. Tem sido uma prática recorrente orçamentar a mais e depois executar a menos. No I semestre, as despesas do Estado com Educação foram de apenas 4,1% da despesa total. Desta forma, Angola continua muito distante das metas internacionais assumidas em gastar 20% do seu orçamento em Educação.

Leia o artigo integral na edição 842 do Expansão, de Sexta-feira, dia 05 de Setembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo