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Gestão

Férias, emoções e liderança

EM ANÁLISE

É um conflito que muitos líderes reconhecem: gerir a linha ténue entre estar disponível para os outros e manter a própria energia intacta. Já te sentiste assim? Tal como no trabalho, também nas férias somos confrontados com prioridades concorrentes e a forma como lidamos com elas revela muito da nossa maturidade emocional.

Que maravilha, já estou de férias! Finalmente alguns momentos para relaxar!

Sejam, férias sozinho ou férias em família são, sem dúvida, um dos momentos mais aguardados do ano. Para muitos de nós, representam aquele espaço de pausa merecida, onde trocamos o despertador pelas manhãs sem hora marcada, as reuniões pela praia ou pelo campo, e os e-mails incessantes por risos partilhados. São dias que prometem memórias, cumplicidade e histórias que ficarão para sempre gravadas. Parece perfeito, não é? Mas... será mesmo sempre assim?

Há um lado menos falado das férias, sobretudo em família: o peso invisível da responsabilidade e a perda temporária do nosso próprio espaço. Quando passamos 24 horas por dia juntos, com filhos sempre a pedirem atenção (no meu caso, a palavra mamã é dita, um milhão de vezes...), agendas viradas do avesso e até discussões sobre onde almoçar, qual passeio fazer, entre tantos outros pequenos ou grandes detalhes, a sensação de descanso pode dar lugar a um turbilhão de sentimentos. E aquele sentimento desejado de férias desaparece.

Como têm sido as tuas férias? Sejam estas ou as passadas, são realmente de descanso, ou podem transformar-se numa verdadeira prova de liderança?

Já tiveste aquela sensação paradoxal de regressar de férias mais cansado do que quando partiste? E recorreres àquela famosa expressão: "preciso de férias, das férias". A expectativa de serenidade pode colidir com a realidade de uma rotina alterada, imprevistos constantes e a ausência de tempo para ouvir a própria voz, para te ouvires. Porque as férias, devem servir para recarregar energias, criar tempo para ti. Por vezes, apenas queres um pouco de silêncio, mas és invadido pela responsabilidade de ter de estar sempre disponível para todos, porque afinal estás de férias e talvez até porque sentes que deves compensar mais tempo com a família.

É um conflito que muitos líderes reconhecem: gerir a linha ténue entre estar disponível para os outros e manter a própria energia intacta. Já te sentiste assim? Tal como no trabalho, também nas férias somos confrontados com prioridades concorrentes e a forma como lidamos com elas revela muito da nossa maturidade emocional.

Costumamos associar liderança à tomada de decisões estratégicas, ao alcance de metas ou à inspiração de equipas. Contudo, liderar é, antes de tudo, uma caminhada interna de gestão de emoções, das tuas emoções. Como lidar com a frustração quando os planos não correm como idealizaste? Como responder ao cansaço sem sentir culpa? Como transformar a irritação em paciência, especialmente quando todos à tua volta esperam o teu melhor sorriso?

As férias tornam-se, assim, um "campo de treino" emocional: um palco onde testamos a nossa capacidade de nos autorregularmos, onde podemos melhorar a nossa comunicação e empatia e quem sabe, consigas assumir a responsabilidade pelos teus sentimentos.

Ouve-te e reflecte sobre o que te incomoda e porquê? Como podes responder ou agir de forma diferente?

Afinal, havendo amor, a família é onde te podes encontrar, onde baixas a guarda e onde deves desfrutar desse amor e companheirismo. Não tens de provar nada, ainda que por vezes penses que sim.

É aqui que o Método INSPIRA, que desenvolvi ao longo dos últimos anos, te pode guiar. O pilar CONQUISTAR não fala apenas de grandes vitórias ou metas alcançadas nas organizações. Ele lembra-nos que conquistar é também a arte de dominar o nosso equilíbrio interno. Já pensaste assim?

Conquistar a calma no meio da confusão e do barulho.

Conquistar o espaço interior sem deixar de estar presente para os outros.

Conquistar a liberdade emocional de sentir sem culpa e de comunicar com autenticidade.

Porque liderar não é apenas gerir resultados, é, acima de tudo, gerir pessoas. E a primeira pessoa a ser liderada és sem dúvida tu.

Se conseguires aplicar esta aprendizagem durante as férias, transportas depois para a vida profissional competências ainda mais sólidas, repara:

A paciência com os filhos traduz-se em maior resiliência com as equipas.

A capacidade de respirar fundo antes de responder a um conflito familiar transforma-se em habilidade de negociação.

Que outras competências acrescentarias?

A consciência de que não precisas de férias perfeitas prepara-te para lidar com projectos que nunca saem exactamente como planeado, mas cujos resultados por vezes são absolutamente excepcionais.

Todos vão se lembrar desses momentos em que algo correu menos bem, mas que compensou pelas partilhas e gargalhadas, mas mais importante aproximando-vos todos um pouco mais. É também esse o efeito das férias, adaptarmo-nos uns aos outros, respeitando as diferenças e nunca esquecendo dos laços e objectivos que nos ligam.

Assim, esse momento tão desejado e que por vezes te retira da zona de conforto, essa pausa, passa a ser um investimento no teu crescimento pessoal e profissional. Que fantástico!

Leia o artigo integral na edição 841 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Agosto de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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