A Nigéria concluiu com êxito, na quarta-feira, uma emissão de eurobonds de 2,3 mil milhões USD, apesar das ameaças de intervenção militar dos Estados Unidos, feitas pelo Presidente Donald Trump na recta final da campanha para as eleições locais, ganhas pelo Partido Democrata.

Um revés para o Presidente norte-americano que viu a sua popularidade atingir o ponto mais baixo, com uma taxa de aprovação de 37%, numa altura em que o shutdown completou, quarta- -feira, 36 dias, o período mais longo de uma paralisação do governo federal na história do país.

Os democratas alcançaram vitórias expressivas em Nova Iorque, Nova Jersey e Virgínia, onde Abigail Spanberger, uma antiga dirigente da CIA apoiada por Barack Obama, se tornou a primeira mulher governadora. Para o cargo de mayor de Nova Iorque venceu um imigrante nascido no Uganda, que se descreveu como "jovem, muçulmano, socialista e democrata" e que, no seu discurso de vitória, afirmou que "Nova Iorque vai continuar a ser uma cidade de imigrantes construída por imigrantes" e que passa a ser "governada por um imigrante". Zohran Mamdani derrotou o republicano Curtis Sliwa e Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque de 2011 a 2021 pelo Partido Democrata, com a promessa de governar para quem vive na cidade e não para especuladores.

Filho de um professor de estudos pós-coloniais na Universidade de Columbia e de uma realizadora de cinema indo-americana, Mamdani nasceu no Uganda, há 34 anos, estudou na África do Sul, onde o pai deu aulas na Universidade da Cidade do Cabo, e formou-se em Estudos Africanos, no Bowdoin College, no Maine.

A sua candidatura em Nova Iorque, assente em temas como habitação acessível, transportes públicos e justiça social, simboliza um revés para Donald Trump que moveu uma perseguição aos imigrantes, durante o seu segundo mandato, marcado também pelo aumento da hostilidade externa.

Mercados ignoraram ameaça

As ameaças de Trump de intervir militarmente na Nigéria, para conter o alegado assassinato de cristãos tiveram um impacto imediato nos mercados, mas de consequências limitadas, como anteciparam investidores veteranos à Reuters.

Os títulos soberanos de longo prazo da Nigéria caíram 0,5 cêntimos na segunda-feira. Chegou-se a recear que as movimentações na Casa Branca prejudicassem a emissão de eurobonds planeada pela Nigéria para esta semana, mas os mercados ignoraram "amplamente" as ameaças de Trump, que levaram o Presidente Bola Tinubu a intensificar o diálogo diplomático com Washington para evitar "uma grande crise bilateral", e "absorveram" os 2,3 mil milhões USD em títulos postos à venda quarta-feira.

O principal produtor de petróleo africano vai utilizar o dinheiro para cobrir o défice fiscal do governo, após a venda que inclui uma tranche dupla para 10 e 20 anos a 9,125% e 9,625%, de acordo com a Chapel Hill Denham, entidade financeira que liderou a emissão de eurobonds nigeriana, a quarta neste regresso de títulos africanos aos mercados financeiros nas últimas duas semanas, que incluiu emissões de Angola, Quénia e da República Democrática do Congo.

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