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Opinião

Cimeira África-EU

EDITORIAL

Outra questão fundamental é ter objectivos precisos, quantificados, para esta cimeira e implantar depois um mecanismo de controlo para os confrontar com os resultados alcançados. Por exemplo, devia haver um pronunciamento público sobre o que foi conseguido com a realização em Luanda da cimeira com EUA, com resultados concretos, sem uma conversa generalista, que na verdade desresponsabiliza os intervenientes, passa uma ideia que é apenas isso , sem aplicação prática, e acaba sempre com a conclusão que todos já conhecem : "Foi um enorme sucesso". Mas como é que isso impactou a vida dos angolanos? Pois, ninguém sabe muito bem...

A cimeira África-União Europeia, que acontece na próxima semana em Luanda, deve ser vista sob duas perspectivas - por um lado a relação entre as instituições que comandam os dois países, onde podem ser definidas intenções, estratégias macro e entendimentos institucionais, e a relação bilateral, país a país, onde se definem realmente os investimentos e os projectos que podem impactar a economia de forma directa. E, neste aspecto, Angola, como país organizador, se fez bem o trabalho de casa e se utilizar a abordagem de forma correcta, retira naturais vantagens.

A cooperação não é igual com todos os países, sendo que para países como Portugal, Espanha ou Itália, por exemplo, a maior vantagem é convencer os pequenos e médios empresários daqueles países a investirem em Angola, a virem para cá montar as suas empresas, trazendo conhecimento e dinheiro, fundamentais para alavancar sectores como a agricultura, agro-indústria, têxteis, telecomunicações ou construção. Já para nações como França, Alemanha, ou mesmo a Polónia, a conversa direcciona-se para outro tipo de investimentos, transportes, indústria farmacêutica, energia e águas, infraestruturas viárias e ferroviárias ou indústria militar.

Esta diferença sobre o que cada país europeu pode dar em termos de investimento e contribuição para o nosso desenvolvimento é fundamental para que possamos sair deste encontro com vantagens objectivas. Possivelmente seria uma mais valia recorrer aos nossos melhores especialistas em cada uma das áreas, independentemente de estarem ou não no governo ou nas empresas públicas, a estarem presentes. Alguns deles trabalham mesmo fora do País, mas deveríamos chamá-los nestas alturas, engajá-los naquilo que é a estratégia da Nação, aproveitando os seus conhecimentos para efectivar parcerias. Muitos deles possuem prestígio suficiente, e maior em muitos casos, para falar com os interlocutores europeus.

Outra questão fundamental é ter objectivos precisos, quantificados, para esta cimeira e implantar depois um mecanismo de controlo para os confrontar com os resultados alcançados. Por exemplo, devia haver um pronunciamento público sobre o que foi conseguido com a realização em Luanda da cimeira com EUA, com resultados concretos, sem uma conversa generalista, que na verdade desresponsabiliza os intervenientes, passa uma ideia que é apenas isso , sem aplicação prática, e acaba sempre com a conclusão que todos já conhecem : "Foi um enorme sucesso". Mas como é que isso impactou a vida dos angolanos? Pois, ninguém sabe muito bem...

Os tempos são difíceis, o País passa por um aperto financeiro, com um crescimento económico residual, uma baixa no consumo privado que nos deve preocupar, porque na verdade não se faz um balanço objectivo das medidas que são tomadas. Existe um medo colectivo de se falar do efectivo retorno dos biliões de dólares que são investidos todos os anos em projectos e mais projectos, muitos deles de curto prazo, e que poucas raízes deixam para sustentar o crescimento económico do País. É necessário tomar as medidas certas, premiar os bons gestores e apontar o dedo aos que continuam a "empurrar" o País com a barriga. E isto aplica-se a ministros, governadores, administradores de instituições do Estado ou PCAs de empresas públicas. O momento é de escolher a meritocracia como base para a organização social do País. Até porque Angola já não aguenta muitos mais erros de gestão...

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