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Opinião

50 Anos de Independência

EDITORIAL

O momento é agora da geração que já nasceu na Angola Independente. Com mais ou menos dificuldades estão a entrar e a solidificar a sua posição nos lugares de decisão, com os valores que fomos capazes de lhes transmitir e com as convicções que são próprias do seu crescimento num mundo que é completamente diferente de tempos passados.

O País avança para as comemorações dos 50 anos de independência. Mais de metade deste tempo foi passado numa guerra civil que destruiu infraestruturas básicas, dividiu o País e os cidadãos e criou assimetrias profundas entre as cidades e o meio rural.

O processo de reconstrução não foi isento de erros, houve aproveitamento por parte de alguns para enriquecerem e vincarem os seus interesses pessoais, mas é indiscutível que muita coisa foi feita. Muitos de nós queríamos mais, é verdade, mas se olharmos para os nossos vizinhos, com excepção da Namíbia, percebemos que podia ter corrido muito pior. Apesar dos níveis de pobreza serem altos, da pressão social ser grande nas principais cidades, Angola é um país seguro e com paz.

Tenho sempre uma grande dificuldade em perceber as comparações com o tempo colonial, o que havia e o que se fazia, porque a nacionalidade é um bem muito maior. Hoje exibimos o nosso passaporte com orgulho em todo o mundo, nem sempre foi assim, e sentimos que o mundo também olha para nós de forma diferente. Esta coisa de sentir na alma o nosso País, de poder dizer em qualquer parte do globo, "sou angolano", não tem preço. É o bem maior, inegociável e vale todos os sacrifícios e dificuldades que as diversas gerações passaram para consolidar a nossa independência. Respeito e agradecimento a todos os que contribuíram de forma desinteressada para que isto fosse possível.

O momento é agora da geração que já nasceu na Angola Independente. Com mais ou menos dificuldades estão a entrar e a solidificar a sua posição nos lugares de decisão, com os valores que fomos capazes de lhes transmitir e com as convicções que são próprias do seu crescimento num mundo que é completamente diferente de tempos passados. Cabe-nos desafiá- -los a terem uma postura crítica, capacidade de analisar e ter soluções novas para os problemas antigos, confiar nos seus "feelings". Apesar do discurso do anti-patriotismo para quem pensa diferente, alimentado por uma minoria dominante que não quer perder o estatuto, são eles que têm a chave do futuro.

Claro que vão errar, como a geração anterior errou. Possivelmente menos, porque senão teríamos um País melhor, mas é para eles que devemos falar nestes 50 anos de independência. Estejam dentro ou estejam fora, é com a sua capacidade e trabalho que poderemos ter uma Angola melhor. Nós, os mais velhos, temos de ter a humildade de nos irmos retirando e ir entregando à nova geração a rédea do poder aos mais diversos níveis. Lembrando-lhes sempre esta coisa única, que não tem preço nem discussão - o orgulho de ser desta terra, o orgulho de sermos angolanos. Parabéns para todos nós!

Edição 851 do Expansão, sexta-feira, dia 07 de Novembro

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