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Opinião

A verdade na economia

EDITORIAL

Os números, que são oficiais e produzidos por instituições públicas, e a realidade do dia a dia não ajudam nada porque mostram exactamente o contrário. Depois, este tipo de discurso também não ajuda nada o País, porque, ao ficcionar-se a realidade de uma forma incoerente, está-se a desresponsabilizar os intervenientes e os decisores, mas, mais importante, a adiar as reformas que são inevitáveis para que possamos ter uma economia competitiva e em crescimento. O que ainda não acontece hoje.

As milícias digitais têm estado particularmente activas na tentativa de mostrar que afinal a economia do País está a crescer bastante, que todas as queixas da população, dos empresários e dos especialistas mais reputados do País não são mais do que uma estratégia para fragilizar o governo e o presidente, com segundas intenções e interesses obscuros. A comunicação social ajuda esta estratégia e tem vindo a publicar matérias "cor de rosa", suportando este "milagre económico" que é apresentado nas redes sociais.

Obviamente que os números, que são oficiais e produzidos por instituições públicas, e a realidade do dia a dia não ajudam nada porque mostram exactamente o contrário. Depois, este tipo de discurso também não ajuda nada o País, porque, ao ficcionar-se a realidade de uma forma incoerente, está-se a desresponsabilizar os intervenientes e os decisores, mas, mais importante, a adiar as reformas que são inevitáveis para que possamos ter uma economia competitiva e em crescimento. O que ainda não acontece hoje.

Existe uma primeira condição que é necessário inverter desde já, direccionar as leis e práticas para o apoio aos pequenos e médios empresários, pois é necessário criar uma base sólida de empresas formais de pequena e média dimensão, que é a base para qualquer economia. Não é atacando e complicando a vida destas organizações, por um lado, e dando incentivos e protegendo os grandes grupos, por outro, que vamos desenvolver a nossa economia. Porque isso cria distorções no mercado, estimula os monopólios, concentra a riqueza e atira a economia para a mão de meia dúzia de pessoas. Em termos práticos, é preferível ter 500 mil empresas a facturar 200 milhões Kz do que 200 empresas a facturar 500 mil milhões Kz.

Obviamente que é preciso que todas os países tenham grandes grupos económicos, de preferência com maioria de capital nacional, mas esses devem ganhar esse espaço de uma forma normal, sem protecção ou benefícios que não são dados ao restante empresariado.

Outra condição fundamental para sustentar o crescimento económico é a credibilidade da recolha de dados e dos números apresentados, porque, partindo de um pressuposto que não é verdadeiro, obviamente que não se podem tomar as melhores decisões. Ou seja, não é criando uma realidade que não existe que vamos resolver os nossos problemas. Fazer política é dizer a verdade às pessoas, envolver todos, explicar as debilidades e assumir as fraqueza actuais, e ter coragem de mudar o que está mal. Mesmo que isso não seja muito simpático para os interesses instalados.

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