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Opinião

Inteligência Artificial | Empregabilidade em risco ou eficiência da produtividade?

CONVIDADO

Em síntese, a inteligência artificial tornou-se um dos pilares económicos do século XXI, revolucionando o comércio, a indústria e os serviços. O seu fomento global indica que este fenómeno continuará a expandir-se, trazendo novas oportunidades e responsabilidades.

A inteligência artificial (IA) deixou de ser mera ficção científica para tornar-se um fenómeno sólido e presente nas nossas vidas. Mas será que este avanço tecnológico representa uma ameaça à empregabilidade humana ou, antes, um aumento substancial da produtividade? Nesta reflexão, exploro a origem da IA, o seu crescimento global, os ganhos que proporciona em termos de produtividade e rendimento, o investimento mundial que atrai, a redução de postos de trabalho e o papel insubstituível do ser humano nesta revolução.

Concluo, com uma visão ponderada: embora a IA seja poderosa e rentável, é o homem quem permanece por detrás das máquinas, o bem mais precioso e a verdadeira força motriz do progresso. A história da inteligência artificial remonta a meados do século XX, quando pioneiros como Alan Turing começaram a questionar se as máquinas poderiam pensar. Em 1950, Turing propôs o seu famoso "Teste de Turing", um marco na reflexão filosófica e técnica sobre a consciência artificial.

Na década de 1950 e 1960, investigadores como John McCarthy , que cunhou o termo "inteligência artificial" em 1956, Marvin Minsky, Herbert Simon e Allen Newell começaram a desenvolver os primeiros programas capazes de realizar raciocínio lógico, resolver problemas matemáticos e aprender regras simples.

Desde então, a IA evoluiu das máquinas simbólicas (baseadas em regras) para redes neurais, aprendizagem profunda ("deep learning") e inteligência artificial generativa. Este progresso foi impulsionado pela crescente capacidade computacional, pela proliferação de dados.

No sector do comércio, a IA alterou profundamente as dinâmicas de compra e venda. Plataformas digitais utilizam algoritmos inteligentes para recomendar produtos, personalizar campanhas de marketing e prever tendências de consumo. O

comércio eletrónico, hoje dominante em várias economias, assenta fortemente em sistemas capazes de analisar comportamentos dos clientes e otimizar preços em tempo real. Empresas globais adoptam chatbots para atendimento automático, reduzindo custos e acelerando o suporte ao cliente. Além disso, a logística comercial beneficiou com soluções baseadas em IA que calculam rotas, antecipam atrasos e ajustam stocks de forma automática. O resultado é um comércio mais ágil, competitivo e interligado.

Na indústria, o impacto da IA é ainda mais visível. A chamada "Indústria 4.0" integra máquinas automatizadas, robôs inteligentes, sensores avançados e sistemas de controlo capazes de prever falhas e otimizar processos produtivos. Fábricas inteligentes em vários continentes já operam com reduzida intervenção humana em tarefas repetitivas, garantindo maior precisão e reduzindo desperdícios.

A IA também apoia o design de novos produtos, simula processos complexos e acelera a inovação industrial global.

No sector da prestação de serviços, o fomento da IA tornou-se igualmente essencial. Áreas como saúde, educação, banca, telecomunicações e transportes adoptam soluções inteligentes para melhorar a qualidade e a eficiência dos seus serviços.

Na saúde, plataformas analisam exames com mais rapidez, auxiliando médicos em diagnósticos precoces.

Na educação, sistemas de aprendizagem adaptativa ajustam conteúdos ao ritmo de cada estudante. Nos serviços financeiros, a IA deteta fraudes, automatiza atendimentos e melhora a avaliação de riscos.

No transporte, veículos inteligentes e sistemas de mobilidade urbana optimizam fluxos e reduzem congestionamentos.

A nível global, governos e empresas têm investido fortemente na IA, reconhecendo o seu potencial para impulsionar o crescimento económico e aumentar a competitividade internacional.

Países como Estados Unidos, China e membros da União Europeia lideram este movimento, financiando investigação, capacitação profissional e regulamentações que procuram equilibrar inovação com responsabilidade social. Apesar dos enormes benefícios, o avanço da IA levanta desafios significativos, sobretudo no emprego.

A automação substitui algumas funções tradicionais, exigindo requalificação da força de trabalho. Torna-se fundamental que políticas públicas promovam formação contínua, garantindo que a população acompanhe o ritmo tecnológico e reduza assimetrias sociais.

Em síntese, a inteligência artificial tornou-se um dos pilares económicos do século XXI, revolucionando o comércio, a indústria e os serviços. O seu fomento global indica que este fenómeno continuará a expandir-se, trazendo novas oportunidades e responsabilidades. Para colher os seus frutos, os países devem investir não apenas em tecnologia, mas também no capital humano, garantindo um desenvolvimento inclusivo, sustentável e centrado no bem-estar das pessoas.

Hoje, a IA cresce a um ritmo vertiginoso a nível global. Empresas de tecnologia, governos e o investimento global em IA é impressionante e crescente. Governos, especialmente em países tecnologicamente avançados, destinam orçamentos significativos para pesquisa e desenvolvimento de inteligência artificial.

Empresas privadas, desde startups de IA até gigantes da tecnologia como Google, Microsoft, Amazon, Tencent e Alibaba, investem biliões de dólares em laboratórios de IA, centros de dados, aquisição de talentos e fusões estratégicas. Instituições financeiras e de capital de risco também apostam fortemente no setor, reconhecendo as enormes potencialidades de retorno.

Além disso, iniciativas públicas-privadas multiplicam-se, financiando projetos de IA ética, de IA para o bem social (saúde, educação, sustentabilidade) e de regulação responsável. Este fluxo de investimento evidencia que a IA não é apenas uma moda passageira, mas uma prioridade global duradoura

. Entretanto, o crescimento da IA suscitou receios legítimos sobre a redução da empregabilidade. Algumas estimativas apontam para milhões de postos de trabalho Embora a IA assuste por sua capacidade de automatizar tarefas, a ideia de substituição total do homem é exagerada. A IA, por mais avançada que seja, depende de engenheiros, programadores, investigadores, operadores, data scientists, especialistas em ética e legisladores humanos.

*António Braça

Leia o artigo integral na edição 855 do Expansão, sexta-feira, dia 05 de Dezembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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