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Opinião

Mercado de Capitais Angolano: A comunicação que constrói confiança

CONVIDADA

O histórico recente demonstra que existe interesse e capacidade para novas operações. Quando os processos de gestão são sólidos e estão alinhados à transparência e à comunicação estratégica, o seu impacto estende-se para além da valorização imediata: cria-se reputação, constrói-se confiança e abre-se caminho para novas oportunidades.

Fala-se muito de liquidez, de regulação, de governança corporativa e de atracção de investimento. Mas, por mais técnicos que sejam os indicadores, o mercado de capitais não se move apenas com números. Move-se com confiança. E confiança não se decreta - constrói-se. É fruto de método, consistência e, acima de tudo, comunicação.

A comunicação, sozinha, pode não ser suficiente para tornar uma empresa apetecível aos olhos dos investidores. Mas o papel da comunicação é central numa estratégia consistente de actuação no mercado de capitais.

No mercado de capitais, a percepção é muitas vezes tão determinante quanto os próprios indicadores. É essa percepção, trabalhada de forma estratégica, que transforma números frios em histórias capazes de mobilizar investidores, reguladores e toda a sociedade.

Nos últimos anos, Angola tem dado passos firmes na consolidação do seu mercado regulado de capitais. A criação da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) abriu espaço para operações que antes pareciam distantes: emissões de obrigações por grandes empresas, privatizações de activos do Estado e Ofertas Públicas de Venda que captaram investidores nacionais e internacionais.

Entre estas, estive directamente envolvida em projectos que marcaram o mercado angolano: a emissão de obrigações corporativas da Sonangol; a venda de 1.945.000 acções do BAI, totalmente subscritas, com procura 158,84% acima da oferta, resultando em mais de 40 mil milhões de kwanzas; o desinvestimento de participações da ENSA, com a venda de 720.000 acções a 12.499,80 kwanzas cada, arrecadando quase 9 mil milhões e procura 174,51% acima da oferta; e a Oferta Pública de Venda da própria BODIVA, que colocou 180.000 acções a 13.259 kwanzas, gerando mais de 2,3 mil milhões e procura 778,94% acima da oferta inicial.

São processos complexos e densos, de elevada especificidade técnica e, acima de tudo, que necessitam de capacidades avançadas de gestão. Gestão de projecto, gestão consistente, assessoria permanente. Envolvem ouvir, aconselhar, recomendar. São horas e horas de reuniões e encontros de trabalho construtivos, onde se alinham estratégias, se esclarecem questões e se constroem consensos. Tudo isto deve estar sempre enquadrado nas exigências legais e regulamentares do mercado de capitais angolano e em conformidade com as boas práticas internacionais, exigindo rigor absoluto e coordenação afinada entre todas as partes.

Estes resultados não acontecem por acaso. São fruto de planeamento minucioso, de equipas alinhadas e de uma comunicação capaz de traduzir operações financeiras em oportunidades claras e credíveis - tanto para o grande investidor institucional como para o aforrador (ou pequeno investidor) que, muitas vezes, está a dar o seu primeiro passo no mercado de capitais.

Os desafios de comunicar uma IPO

Comunicar uma IPO exige muito mais do que apresentar números e perspectivas de crescimento. É traduzir um processo financeiro complexo para diferentes públicos, gerindo percepções e expectativas sem perder rigor técnico nem comprometer exigências legais e regulatórias.

O primeiro desafio é alargar o acesso: tornar a operação compreensível para todos os potenciais investidores, incluindo aforradores que nunca participaram no mercado de capitais. Isso implica simplificar sem banalizar, recorrendo a exemplos claros, analogias visuais e conteúdos educativos.

O segundo é mobilizar a confiança: falar com múltiplos públicos - investidores institucionais, aforradores, reguladores, analistas, jornalistas e sociedade em geral - equilibrando transparência e prudência, sem criar expectativas irreais.

O terceiro é reforçar e consolidar: manter a narrativa viva após a subscrição, comunicando de forma contínua, coerente e transparente para sustentar a reputação e reforçar a relação de longo prazo com o mercado.

Cada IPO é também uma oportunidade de educação financeira. Ao atrair novos investidores, promove-se uma cultura de investimento e acelera-se a maturidade do mercado.

Leia o artigo integral na edição 842 do Expansão, de Sexta-feira, dia 05 de Setembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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