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Quem se desloca em Luanda percebe que existe uma miséria visível e uma fome envergonhada a crescer, mesmo nas famílias estruturadas que vivem do seu trabalho. A classe média está a ser empurrada para baixo e o fosso social está a aumentar de forma preocupante.
Esta semana podia falar do desmentido da Presidência, lido e comentado com espaço e destaque na televisão pública, depois de não ter feito qualquer referência à realização da conferência onde o líder da oposição falou. Mais um momento de grande ética jornalística, estendida às redes sociais, onde todos se preocuparam apenas em defender o Presidente, o líder, e pouco ou nada disseram das debilidades e desconhecimento que o mesmo apresentou nas questões económicas, nas ideias alternativas para o desenvolvimento do País.
imento do País. Podia também falar do aumento dos táxis, 50% na tarifa para uma população que vive com enormes dificuldades, e que maioritariamente não tem outra alternativa para se deslocar e poder trabalhar. Depois dos aumentos anunciados da electricidade e da água, da alimentação, das propinas, mais um fardo com enorme peso no bem estar das famílias. Quem se desloca em Luanda percebe que existe uma miséria visível e uma fome envergonhada a crescer, mesmo nas famílias estruturadas que vivem do seu trabalho. A classe média está a ser empurrada para baixo e o fosso social está a aumentar de forma preocupante.
Também podia falar do asfixiar continuado das empresas, com excepção das que habitam à volta do regime, e que são as maiores responsáveis pelo emprego formal no País, com um quadro fiscal perfeitamente desajustado para a nossa realidade, que vai ter agora imposto de rendimento e tudo. Como é possível pensar em aumento de ordenados, melhores condições para a população, se uma fatia muito importante da riqueza gerada pelas PMEs vai para o Estado, por via da AGT?
Esse mesmo Estado, que gasta de forma despesista, continua a oferecer carros luxuosos aos "seus melhores filhos", a gastar como se não houvesse amanhã, a alimentar uma vida faustosa a meia-dúzia que são iluminados e, objectivamente, a gastar mais do que tem. Depois não paga com regularidade aos fornecedores, com excepção dos "tais", onde muita gente que define e decide sobre esses pagamentos tem também alguns interesses.
Mas também podia falar de coisas boas, de projectos e de posturas que podem catapultar a nossa economia. De que existe por parte de quem nos governa uma vontade genuína de melhorar a redistribuição da riqueza, de resolver os problemas de quem vive pior, da promoção de uma maior inclusão entre os angolanos para encontrar as melhores soluções e de um País a crescer.
Pois podia... e gostava!