Os "simsins"
Quando faltam menos de dois anos para mudar a luz inspiradora, vários destes "simsins" mais conhecidos, principalmente os mais experientes, estão mais reservados. Batem as asas com menos força, escolhem melhor as rotas e escondem-se tranquilamente à sombra das recompensas que foram.
Os "simsins" são uma espécie que se desenvolveu muito nestes últimos anos no País, resultado do desejo, legítimo dizem muitos, de ter mais alimento, casas, carros, relógios... e legitimidade para mostrar o poder das suas asas. E isto tem que ser feito de forma sistemática e frequente para que a sua fonte de inspiração sinta que estão a fazer vento e possam ser recompensados. Aliás, os "simsins" vivem destas benesses e estão pouco preocupados com conceitos perfeitamente ultrapassados como pensamento crítico, moral própria, solidariedade social ou coerência na acção.
Já era assim em tempos passados, quando a luz era outra, sendo que grande parte destes "simsins" não tiveram nenhuma dificuldade em mudar de fonte inspiração, sendo que os outros, os mais renitentes em mudar de bússola, acabaram por bater as asas para mais longe e vivem hoje na Europa e no Dubai. Também é preciso dizer que muitos destes "simsins" que foram para outras paragens já tinham acumulado o suficiente, não precisavam de bater mais as asas, e deram o lugar aos mais novos. Aliás, esta espécie tem uma capacidade extraordinária de se multiplicar, e diga-se, de se adaptar aos novos tempos.
Quando faltam menos de dois anos para mudar a luz inspiradora, vários destes "simsins" mais conhecidos, principalmente os mais experientes, estão mais reservados. Batem as asas com menos força, escolhem melhor as rotas e escondem-se tranquilamente à sombra das recompensas que foram. O que diga-se, também parece uma injustiça para quem sempre lhes garantiu o alimento. Aliás, alguns destes "simsins" aspiram mesmo a tornar-se em fonte de inspiração, embora este desejo possa vir a revelar-se fatal. Mas na verdade, muitos destes "simsins" também têm pouco a perder e estão cansados de voar à volta de uma luz que nunca acreditaram. Ou pelo dizem isto aos mais próximos, apesar de terem batido as asas de maneira frenética quando a luz inspiradora se acendeu aqui há uns anos atrás.
Não podemos misturar os "simsins" com aqueles que verdadeiramente batem as asas por convicção. Os primeiros batem as asas quando lhes mandam e ao ritmo pedido, os segundos voam porque acreditam. Mas para fonte inspiração é muito difícil distingui-los, parece a mesma coisa. E para os ajudantes da luz inspiradora, que são verdadeiramente quem liga e desliga o interruptor, isso é completamente indiferente. O objectivo é manter a sua importância no anonimato, ter os "simsins" devidamente amestrados para que os possam usar sempre que for necessário, independente da luz ou da fonte inspiradora.
E enquanto houver uma legião de "simsins" disponíveis pouco ou nada se vai alterar. Pelo menos é essa a sua convicção, acredito eu...
Edição 842, sexta-feira, 05 de Setembro de 2025.