"A internacionalização da minha carreira é que me fez voltar"
Conhecida como angolatina, Tamara Nzage regressa aos estúdios e aos palcos. O álbum que irá lançar no próximo ano tem, na sua maioria, músicas em espanhol, língua que a caracteriza, mas com novos estilos. A cantora quer também trazer mais da cultura nacional às suas músicas.
Com 11 anos de estrada, como justifica a sua ausência dos palcos?
De facto, são 11 anos. Desde que lancei o "Celebrando o Dia" que foi lançado em 2014. Quanto à minha ausência, tirei licença para maternidade. Costumo dizer que é mesmo licença para maternidade, porque decidi ser mãe. E sabia que a música devia exigir muito de mim. Costumamos dizer que quando nos tornamos mães aprendemos tudo de novo. E eu quis aprender com o tempo. Então, decidi arranjar um tempo para criar os miúdos, dar aquele tempo de qualidade aos meus filhos. E, agora, sinto que já é altura suficiente para voltar ao mercado.
Como está a preparar o seu regresso? Já tem músicas novas?
Sim, já tenho música nova. Recentemente, fiz algumas aparições na televisão a publicitá-la. Neste momento tenho duas músicas que estou a promover. Tenho o "Amar sem receios", com letra e composição de Ivan Alexei. E a nova é o "Alborada Guajira", que é uma versão que fiz da música de Celina e Reutilio.
Prefere sempre cantar em espanhol?
A minha música nova, "Amar sem receios" é em português. Mas antes, já com o Caló Pascoal, havia feito uma música nova, em português, com o título "Nenhuma semana". Mas tive sempre a sorte de dar-me muito bem nos estilos que cantei em espanhol.
Por que optou por cantar em espanhol?
Bem, eu não optei... Por acaso, já falava e dominava bem a língua espanhola, na altura. Porque vivi em Espanha durante alguns anos. Na altura, já cantava, mas não era artista. Vale lembrar que, antes de conhecer o Caló Pascoal, eu já tinha um percurso relacionado com a música. Participei no Estrelas ao Palco, em Malange, em 2014, se não me engano, cheguei até às finais. Mais tarde, comecei a trabalhar com um músico local, o Kenny, que era rapper, eu fazia coros. Depois conheci o Alcas Fernandes, um músico de Malange também, que me convidou para participar no álbum dele, "Relíquias Negra", volume 4, se a memória não me atraiçoa. Participei com uma música, que é uma rapsódia. Vendemos o álbum, só depois é que conheço o Caló Pascoal, que solicitou uma composição minha. Por acaso, sentia que quando cantava em espanhol, eu tinha mais sentimento. Então, as músicas que havia feito em português, traduzi-as e cantei-as em espanhol. Sinto que tenho mais entrega quando canto em espanhol.
É assim que surge a versão do Celebrando o Dia?
O Caló andava à procura de alguém que cantasse em espanhol para fazer a versão do Celebrando o Dia. Porque, segundo ele, o seu falecido irmão mais velho era muito fã daquela música. Ele procurava, mas nunca tinha encontrado alguém que falasse tão bem para a interpretar. Então, foi só juntar o útil ao agradável e, quando ele me ouviu a cantar, disse que íamos fazer essa versão. E ficou. Com esse regresso vai apostar mais na língua portuguesa?
Bem, estou mais a cantar em espanhol. Tenho músicas inéditas em português, mas também tenho músicas inéditas em espanhol. Eu já acostumei assim o meu público-alvo, por isso é que fui apelidada de Angolatina. E não queria fugir daquilo que realmente me caracteriza. Sim, estou a fazer semba, quizomba, fizemos também um kompa, é um estilo novo em francês, mas a maior parte das músicas serão em espanhol.
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