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Angola

Apenas 3 em cada 100 "turistas" que entraram no País no ano passado vieram de férias

PLANATUR 2024-2027

Com quedas consideráveis no número de turistas e receitas, o desenvolvimento do turismo tarda em acontecer devido a vários factores que condicionam a sua participação no PIB. Para alterar a situação foi criado o Plano Nacional de Fomento ao Turismo que em quatro anos espera resolver o que não foi feito ao longo dos tempos.

O País recebeu no passado quase 93 mil turistas e destes apenas 3% vieram de férias, segundo o diagnóstico do turismo nacional transposto para o Plano Nacional de Fomento ao Turismo (PLANATUR) 2024- -2027, publicado recentemente em Diário da República.

O documento, que define a estratégia e plano de acção para que o turismo contribua mais para a economia nacional, avança que até ao mês de Outubro de 2023, altura em que começou a vigorar a isenção de vistos para 98 países, entraram em Angola 92.970 viajantes e, destes, a maioria foi para prestar serviços ou fazer negócios (ver infografia).

Estas duas categorias representaram 97% das entradas de turistas no território nacional em 2023. Para férias entraram apenas 2.093 viajantes, ou seja 2,8% do total de turistas que chegaram ao território nacional.

Se compararmos o número de viajantes para Angola em 2023 face a 2022, o motivo férias teve uma queda de 14,6%, já que em 2022 entraram no país 22.528 pessoas em gozo de férias. Ou seja, 17,4% do total de 129.733 viajantes que chegaram no território nacional em 2022.

A entrada reduzida de turistas de facto, aqueles que vêm realmente passar férias, está associada a vários factores que contribuem negativamente para que o turismo nacional seja atractivo, segundo especialistas.

"Não é de admirar que poucas pessoas venham passar férias aqui. Até a implementação de isenção de vistos para um maior número de países desde o final do ano passado, obter um visto de turista nos nossos consulados ou embaixadas ainda era uma dificuldade. A acrescer a isso estão aspectos internos, como segurança, custos dos serviços, qualidade dos mesmos... e outras situações que todos nós conhecemos", disse ao Expansão Miguel Silva, responsável de uma agência de viagens em Luanda.

Perante este cenário, muitos turistas preferem optar por outros locais para férias, apesar do interesse que têm por Angola. Restam os prestadores de serviços e possíveis investidores.

"O interesse em visitar Angola existe, mas é esquecido quando o potencial turista começa a enfrentar dificuldades logo na obtenção de visto. Isso faz com que procure outros locais para férias. Quem vem em serviço ou procura oportunidade de negócios dificilmente passa por isso", defende Miguel Silva.

"Acredito que as coisas possam melhorar com a política de isenção de vistos em vigor e também com a melhoria de alguns aspectos, a começar pela forma como recebemos e tratamos os turistas, que devem ser acarinhados e não roubados como muitas vezes acontece", concluiu.

A entrada de turistas no ano passado rendeu ao País 21 milhões USD, fazendo fé no diagnóstico do turismo nacional constante no PLANATUR, menos 3 milhões USD do que em 2022, contribuindo assim com menos de 1% para o Produto Interno Bruto.

O documento avança também que a Europa foi a região de onde saíram mais viajantes para Angola, com Portugal a liderar, com 41.121 viajantes. África aparece como a segunda região com mais turistas para o nosso país, mas o Brasil foi o segundo país de onde vieram mais viajantes em 2023. África do Sul foi o país africano melhor posicionado, ocupando a quarta posição do top 10, com 8.896 turistas.

Estado prevê disponibilizar 2,5 biliões Kz

O Plano Nacional de Fomento ao Turismo (PLANATUR) 2024- -2027, que tem entre os objectivos assegurar o investimento directo em grande escala, facilitar o acesso de turistas a Angola e a sua mobilidade internamente, desenvolver infra-estruturas e serviços públicos, assegurar a formação e capacitação de quadros para a prestação de serviços e ainda aperfeiçoar o quadro legal e regulamentar da actividade turística no país, vai custar aos cofres do Estado 2,5 biliões Kz, em quatro anos. Deste montante, 276 mil milhões Kz estarão relacionados a projectos sob gestão directa do Ministério da Cultura e Turismo.

Leia o artigo integral na edição 768 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Março de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)