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"O prémio representa uma soma de sacrifícios"

Entrevista a Vina Criolo

Entre vários projectos que tem em mãos e com previsão de lançar mais um desafio, dirigido às crianças, Vina Criolo não esquece de onde vem. A zungueira, que se tornou numa empresária de sucesso, foi distinguida na 11ª edição do prémio Angola 35 Graus, na categoria Economia e Negócios.

Foi premiada na 11.ª edição do prémio Angola 35 Graus na categoria de Economia e Negócios. O que representa este prémio para si?
Representa uma soma de sacrifícios, de noites não bem dormidas e, acima de tudo, uma responsabilidade, um agregado para a equipa. E, quando digo a minha equipa, refiro-me ao meu marido, aos meus irmãos e aos funcionários em geral.

Vina Criolo, que significado tem o seu nome?
Sou descendente de cabo-verdiana e tenho uma família muito conservadora. Quando abri a empresa, decidi pôr o diminutivo do meu nome Elvina e fui à busca do crioulo, que representa o respeito de onde vem a minha geração, então, ficou Vina Criolo, ou seja, fiz uma mistura.

Como entrou para o mundo dos negócios?
Nem eu sei (risos). Quando dei por mim, já estava neste mundo, porque, a partir do momento em que aprendes a fazer negócio, não porque queres, mas pela necessidade da vida, o espírito de empreendedor entra nas veias.

Porque enveredou pelo ramo de actividade onde é empresária?
Eu não faço uma coisa só como empresária. As pessoas é que criaram a imagem de que só trato de eventos, a minha empresa é de comércio geral. Comecei pela roupa, vendi calçado, fiz viagens para a China, vendi carros, depois fui para Benguela, onde comecei com a organização de eventos.

Teve alguma formação para dar o salto da zunga?
O salto foi de forma natural, pois a minha maior formação foi a vida. Tive uma formação em imobiliário, em Portugal, depois segui para o Brasil, onde fiz a formação de filantropia durante três anos e é desta última formação que me inspiro para criar novos projectos, porque, entre o pobre extremo e o rico extremo, fico no meio e tento balançar de onde vou tirar uma peça para criar uma ideia nova.

Tem algum projecto na manga?
Estou no segundo ano do Miss Infantil e as histórias das crianças despertaram-me a necessidade de ver o lado de diversão delas cá, em Angola. Além de ser pequeno é muito caro, então, as crianças passam a divertir-se mais nas redes sociais em vez de irem para um local de diversão, no entanto, estou com o projecto kandengue Lândia, um espaço de diversão para crianças.

Qual foi a sua maior conquista no mundo dos negócios?
A maior conquista que tive no mundo dos negócios é poder sustentar a minha família. Quando digo a minha família, incluo os meus irmãos mais velhos, porque, da parte de mãe e pai, sou a sexta filha. Para mim, conquistar é poder fazer um bom negócio e deste meu dinheiro comprar casa, pagar os estudos dos meus sobrinhos, pagar a alimentação dos meus irmãos, isso é conquista.

Que sentimento toma conta de si quando vê uma zungueira ser morta por um agente da Polícia Nacional ou ferida por assaltantes?
É muito complicado. Isso mexe um pouco com os meus sentimentos, porque vi, várias vezes, a minha falecida mãe ser chicoteada por vendermos nas paragens de autocarro. Eu tenho uma cicatriz na cabeça, tenho problemas no pescoço até hoje. E quando vejo que a situação voltou e com maior agressividade, que é a morte, a pessoa questiona: a polícia é para nos defender ou para nos agredir?

Como é que o Governo pode organizar a venda informal?
A operação Resgate é uma boa solução? Primeiro passo começa pela reeducação dos polícias, segundo pela reeducação das zungueiras, porque não podemos pensar que a rua é um depósito de lixo. O outro passa pela emissão do cartão de vendedor ambulante.

Qual é a descrição que pode fazer da mulher angolana?
Nós temos dois tipos de mulher angolana: uma que é muito batalhadora, muito mãe e dedicada; e outra, que é muito superficial, tem uma lente de contacto, é muito crítica nas redes sociais, mas, quando vai para casa, não tem uma cama para dormir, quer um jipe, mas a mãe padece de fome, etc.


Lídia Onde

De zungueira a empresária de sucesso

Nascida no mesmo dia da fundação da Província de Luanda, 25 de Janeiro, Elvina Belmira Augusto de Almeida é formada em Políticas Públicas. A empresária é mãe de Davina, de 17 anos, e Dárcia, de 14 anos. Apesar de estar divorciada, mas não solteira, a empresária conhecida artisticamente por Vina Criolo, garante que está com um companheiro que a ama e, por isso, sente-se "bem servida". Nos tempos livres, a empresária com negócios em vários sectores esgota o seu tempo com a leitura e a dança.

Se tivesse a capacidade de alterar algum comportamento nas mulheres angolanas, a empresária aponta a obsessão pela luta por direitos iguais, pois entende que cada um deve conquistar o seu espaço. "Se Deus nos deu o dom de gerar o mundo é porque, se calhar, temos mais um ponto em relação ao homem, então, porque estar a discutir a todo momento com os homens. Devemos é conquistar o nosso espaço, isso sim".