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Angola

O potencial desestabilizador das privatizações em Angola

Opinião de Wilson Chimoco

O Programa de Privatizações (PROPRIV) é uma forte oportunidade para a alteração do paradigma de se fazer negócios e impulsionar a melhoria do ambiente de negócios em Angola.

Contudo, a sua efectivação, num contexto de instabilidade macroeconómica, apresenta- se desafiante quando os programas - Privatizações e Estabilização - partilham elementos que se sobrepõem e se excluem, em alguns casos, como é o caso da liquidez estrutural da economia.

Ora, a primeira avaliação do Programa de Estabilização do Governo, que deverá ser executado nos próximos três anos com o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), teve um resultado positivo. A avaliação baseou- se em indicadores que dão conta da redução das necessidades de financiamento do Estado, da redução dos constrangimentos cambiais, da desaceleração dos níveis de preços, etc., que são, em tese, reflexos do aperto da liquidez que vem sendo imposta à economia.

Por outro lado, o PROPRIV, que deverá ser executado nos próximos quatros anos e que está a ter a consultoria do Banco Mundial (BM), levantou o tema da reduzida liquidez interna como um desafio à viabilização do PROPRIV. E, com efeito, aconselha o Governo a uma maior abertura da conta de capitais, para atracção de poupanças externas.

Ou seja, por um lado, temos a perspectiva do Governo/BNA/ FMI de que os altos níveis de preços registados nos últimos anos no País foram induzidos pela desproporcional injecção de liquidez da actividade petrolífera, e que fazem parte dos desequilíbrios que devem ser corrigidos. E, por outro lado, temos o PROPRIV a reconhecer que a contracção da economia apurada nos últimos quatro anos removeu liquidez da economia e pressionou a capacidade das famílias, empresas e do Estado de fazerem poupanças. (...)

*Finalista de economia na Universidade Católica de Angola