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Angola já deve 8 mil milhões USD a investidores internacionais

NOVA EMISSÃO DE EUROBONDS

Angola aproveitou o actual momento dos mercados financeiros onde as taxas de juro da dívida soberana nos mercados desenvolvidos permanecem em mínimos históricos e os investidores procuram taxas mais atractivas nos mercados emergentes. Dívida pública próximo dos 100% do Produto Interno Bruto (PIB).

Com a emissão de 3.000 milhões USD em títulos de dívida soberana em moeda estrangeira, na terça-feira, em Londres, Angola aumenta para 8.000 milhões a dívida aos mercados de Eurobonds, e dispara a dívida pública para valores próximo dos 100% do PIB.

Na terça-feira foi emitida uma parcela com maturidade de dez anos, com um valor nominal de 1.750 milhões USD, com uma taxa de juro do cupão fixada em 8,00% e uma outra de 30 anos, com um valor nominal de 1.250 milhões USD e taxa de juro de 9,125%. Contas feitas, Angola emitiu 3.000 milhões USD com taxas de juro 0,25 pontos percentuais abaixo da emissão que decorreu em Maio de 2018. Mas até poderia ter emitido mais, já que, de acordo com um comunicado do Ministério das Finanças, a procura atingiu os 8,4 mil milhões USD.

As taxas de juro de rendimento são uma espécie de "desconfiómetro" dos mercados: quanto mais altas, mais os mercados desconfiam da capacidade do país em reembolsar os valores. Na prática, os investidores internacionais consideraram menos arriscado investir na nova emissão de dívida pública em moeda estrangeira, do que na última vez que o Governo recorreu ao mesmo modelo de financiamento. Se a recente emissão é mais favorável que a de 2018, então se compararmos com a primeira emissão angolana, em 2015, essa diferença ainda é maior, já que em 2015, a emissão de 1.500 milhões USD a 10 anos fixou a taxa de juro em 9,5%, 1,5 pontos percentuais acima da emissão desta semana, que decorreu em Londres.

Fontes dos mercados admitem ao Expansão que são já os resultados da "diplomacia financeira" que tem sido operada pelo Governo nos últimos tempos. "É pelo menos a diplomacia a disfarçar algum do mau desempenho da economia angolana. Eu se fosse investidor não aplicava o meu dinheiro em Angola, onde há muita incerteza sobre o que vai acontecer", admite uma fonte.

No entanto, para o economista-chefe da consultora Eaglestone, Tiago Dionísio, "Angola aproveitou bem o actual momento dos mercados financeiros onde as taxas de juro da dívida soberana nos mercados desenvolvidos permanecem em mínimos históricos e os investidores procuram taxas mais atractivas noutros mercados emergentes. As taxas de juro destas emissões a 10 e a 30 anos são ligeiramente mais baixas que as últimas emissões devido às actuais condições do mercado, mas continuam a ser relativamente atractivas para os investidores". (...)


(Leia o artigo integral na edição 551 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Novembro de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)