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Opinião

O flutuar do Kwanza num contexto de crise

Milagre ou miragem?

Ao deixar flutuar a moeda Kwanza o Banco Nacional de Angola criou um certo pânico no mercado. Isso a contar pelo número de solicitações, declinadas, de pedidos de análise sobre "a razão" desta acentuada desvalorização. A explicação veio através da nota de imprensa do Comité de Política Monetária do BNA de 23 de Outubro, assinalando que foi removida a "margem de 2% sobre a taxa de câmbio de referência". Esta mudança foi acompanhada por um aumento do coeficiente de reservas obrigatórias para moeda nacional de 17% para 22%.

Segundo o jornal Expansão, a medida apenas contribuiu para "enxugar liquidez na banca", porém "não travou a corrida de particulares e algumas empresas ao mercado paralelo." Se por um lado justifica-se a necessidade que o BNA tem de proteger as Reservas Internacionais Líquidas (RIL), que registam uma queda significante desde 2013, por outro lado não podemos deixar de assinalar que deixar flutuar o Kwanza acaba por ter um efeito negativo nas indústrias que precisam de (1) renovar equipamentos, (2) assistência técnica especializada temporária num contexto de renovação de equipamentos, (3) importar matéria-prima localmente indisponível.

Neste contexto, o BNA deve dar resposta a um "enigma" interessante, i.e. como proteger as RIL e, ao mesmo tempo, permitir que o sector produtivo consiga funcionar e expandir-se? A medida do BNA apenas resolve parte do problema (i.e. protege as RIL) porém, cria um problema ainda maior, o de retirar liquidez reduzindo o crédito para novos investimentos, bem como tornar mais oneroso o processo de renovação de equipamentos e aquisição de matérias-primas.

Felizmente alguns países hoje desenvolvidos também tiveram que lidar com este tipo de situação. A solução adoptada por países como a Coreia do Sul e Taiwan foi ter uma taxa de câmbio diferenciada ou como popularizou a economista americana Alice Amsden (1943-2012), "get the prices wrong" (distorcer os preços). (...)

(Leia o artigo integral na edição 552 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Novembro de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)