Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Grande Entrevista

"Não há técnicos suficientes para fazer a migração para o IVA num mês"

ANTÓNIO POÇAS, PCA DO GRUPO INCENTEA

O IVA serviu para melhorar a forma de as empresas angolanas gerirem o seu negócio, afirma António Poças, PCA do grupo português de tecnologias de gestão InCentea. Mas o tempo curto e a falta de técnicos não facilitou o processo de reconversão das empresas.

Quais foram os maiores desafios que a introdução do IVA trouxe a empresas como a vossa?
O maior desafio para nós foi o pouco tempo para muito trabalho. As empresas tiveram de ir a todos os clientes fazer alterações profundas nos softwares e ficaram sem capacidade para o fazer em pouco tempo. Isto quer dizer que vamos ter clientes insatisfeitos. Isso é inevitável. E, quando for para enviar o ficheiro da facturação para a AGT, em Janeiro, vai ser igual. Vamos ter um mês para atender todos os clientes. Se correr tudo bem, a gente consegue, mas se não correr, devido a alguns contratempos, até mesmo de comunicação, vai ser impossível dar uma resposta aos nossos clientes como gostaríamos de dar, porque é muita coisa para pouco tempo.

O que é que falta?
Há pouco a fazer. Mesmo que queiramos recrutar técnicos, onde é que eles estão? Não há técnicos suficientes para fazer a migração para o IVA num mês. É impossível.

Mas a introdução do IVA foi anunciada com alguma antecedência e até teve adiamentos...
Certo. Mas não conseguimos convencer os clientes a fazerem o trabalho mais cedo. É preciso que os clientes queiram.

A culpa foi dos clientes?
Não estou a dizer que a culpa seja só dos clientes. Para resolver este problema só podia ser de duas formas: ou contratávamos mais profissionais, o que não há, ou a seis meses formávamos recém-licenciados, mas não poderiam ser muitos, porque, quando acabar esta fase, onde é que os iríamos colocar? Por isso, só é culpa dos clientes porque houve adiamento e eles não fizeram nada.

Como é que ultrapassamos isso?
Acho que mais algumas semanas e está ultrapassado. Pela nossa experiência, a maioria dos nossos clientes já fez a migração e os problemas que vão surgindo vão sendo superados.

O IVA é uma oportunidade para as empresas das TICs desenvolverem os seus negócios no País?
É uma oportunidade para as empresas melhorarem a sua forma de gerir. Porque o IVA é um imposto que obriga a algumas regras e se as empresas cumprirem essas regras vão melhorar o sistema de gestão, o controlo que têm sobre as suas operações. Agora, não vamos esconder que, aqui ou em qualquer parte do mundo onde há uma alteração fiscal, para empresas que procuram software, quer para as empresas integradoras, como a nossa, é uma boa oportunidade.

Esta integração do IVA pode ser vista como um custo pelas pequenas empresas?
É um custo. Mas gosto de olhar para os problemas como uma oportunidade. Considero o IVA um imposto mais justo do que o imposto de consumo. É igual para todos. No limite, se determinada empresa comprar e vender ao mesmo tempo e com diferenças mínimas de preços, o imposto não tem efeito nenhum na contabilidade. Se vender por uma margem maior, vai ter de suportar um custo maior porque também há mais lucro. Deste posto de vista, acho um imposto justo. Claro que para uma micro empresa tem o custo inicial de participar, ou seja, para estar dentro do sistema. (...)

(Leia a entrevista integral na edição 553 do Expansão, de sexta-feira, dia 6 de Dezembro de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)